Os senadores americanos não conseguiram alcançar um acordo no domingo (21) para pôr fim ao fechamento parcial do governo federal antes do começo da semana, então propuseram uma votação-chave.

Apesar de os líderes do Partido Republicano e do Democrata reconhecerem avanços após maratonas de negociações do fim de semana, eles decidiram adiar em 11 horas a votação prevista para segunda-feira à 1h (4h de Brasília).

Uma das consequência da paralisação do governo é deixar milhares de funcionários federais em casa sem salário.

O fechamento entrou em vigor na manhã de sábado, quando venceu o prazo do Senado para aprovar a extensão do orçamento por quatro semanas, manchando o primeiro aniversário de Donald Trump na Casa Branca.

Durante as sessões especiais no Senado neste fim de semana, houve muitas censuras dos dois partidos, apesar de o líder da maioria, Mitch McConnell, ter se comprometido a abordar temas importantes para a oposição.

Os democratas reclamam, por exemplo, uma solução para os quase 700 mil imigrantes, em sua maioria latino-americanos, beneficiados pelo programa Daca, que lhes garantia permissão para trabalhar e estudar nos Estados Unidos. Trump não renovou o programa, que vence no dia 5 de março.

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Mas os republicanos afirmam que não vão tratar do assunto antes da reabertura do governo federal.

“É fantástico ver os republicanos brigando com determinação por nosso exército e pela segurança nas fronteiras”, tuitou Trump neste domingo.

O mandatário acusou os democratas de “simplesmente quererem uma multidão de imigrantes sem o mínimo controle”, mas até agora não deu sinais de como vai resolver esse problema.

– Migração em disputa –

O líder dos senadores democratas, Chuck Summer, lembrou que essa é a primeira vez que acontece um “shutdown” nos Estados Unidos quando a Casa Branca, a Câmara de deputados e o Senado são controlados pelo mesmo partido.

“Não conseguiram sequer chegar a um acordo com seu próprio presidente. (…) Nós, os democratas, estamos prontos para nos sentarmos na mesa de negociações. O presidente deve pegar uma cadeira”, acrescentou.

Mick Mulvaney, diretor de Orçamento da Casa Branca, disse estar convencido de que existe uma possibilidade verdadeira de encontrar uma solução até esta segunda-feira. Mas também alertou na Fox News que, caso essa possibilidade dê errado, o “shutdown” pode durar “vários dias”.

Ele também denunciou uma manobra política de alguns democratas, que segundo ele buscam ampliar a paralisação até o dia em que está previsto o discurso de Estado da União, em 30 de janeiro.

Esse discurso ante das câmaras do Congresso é o momento em que o governo explica ao povo americano suas prioridades para o novo ano.

– Estátua da Liberdade resiste –

Em meio à confusão, a Estátua da Liberdade tinha sido fechada aos turistas no sábado, mas vai reabrir nesta segunda-feira.


O estado de Nova York vai pagar com recursos próprios aos funcionários federais necessários para reabrir este monumento emblemático de um país aberto aos imigrantes.

“A estátua é mais que uma estátua”, disse o governador democrata de Nova York, Andrew Cuomo. “É um símbolo de Nova York e de nossos valores (…). Sua mensagem nunca foi mais importante que hoje”.

A última vez que o governo federal se viu forçado a paralisar suas atividades foi em outubro de 2013, durante o governo de Obama, quando 800 mil funcionários públicos passaram 16 dias afastados.

Neste contexto, Trump evocou, no domingo, em um tuíte, uma possível reforma dos procedimentos de votação no Senado.

Esta medida, conhecida em Washington como “opção nuclear” marcaria uma ruptura radical no funcionamento desta instituição, que deve equilibrar os excessos partidários da tumultuada Câmara de Representantes.

O regimento interior do Senado – composto por 100 membros – estipula que todos os senadores têm direito a objetar cada moção. A objeção só pode ser superada com o voto de três quintos do Senado. Na prática, são necessários votos de 60 senadores para tomar alguma decisão.

Mas os republicanos contam com 51 assentos nesta casa.

Entretanto, a decisão unilateral de reduzir a medida de 60 para 51 votos transformaria profundamente o funcionamento do Congresso. A maioria dos senadores se opõe a essa iniciativa.


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