O adiamento por tempo indeterminado de uma reunião prevista para este fim de semana em Doha, capital do Catar, entre representantes do Talibã e do governo afegão frustrou as esperanças de avançar para a paz no Afeganistão.

As duas partes não conseguiram chegar a um acordo sobre o número de delegados que o governo queria convidar para as negociações.

Em 2018, o número de vítimas chegou a 3.804 mortos, de acordo com a ONU. Outros 45.00 membros das forças de segurança afegãs morreram desde 2014. E os insurgentes controlam, ou reivindicam, a metade do país.

“Este lamentável adiamento é necessário para chegar a um consenso sobre quem deve participar da conferência”, disse Sultan Barakat, do Center for Conflict and Humanitarian Studies, que organizava o encontro.

“Está claro que o momento propício para isso (a reunião) não chegou”, apesar dos “esforços incansáveis e bem intencionados” das duas partes, acrescentou em um comunicado.

O governo do presidente afegão, Ashraf Ghani, anunciou na terça-feira uma lista de 250 delegados, inclusive autoridades que desejavam participar da reunião, que começaria neste sábado em Doha.

Os talibãs ironizaram a iniciativa. Para eles, a conferência “não é um convite de casamento, ou de uma festa em um hotel de Cabul”, disseram.

O governo afegão é “responsável” pelo fracasso em Doha, afirmaram os rebeldes em uma nota, nesta sexta. “As negociações com o impotente governo de Cabul são uma perda de tempo”, completaram.

Já as autoridades atribuíram o adiamento ao governo do Catar. Segundo comunicado divulgado hoje pela Presidência, Doha rejeitou a lista de 250 delegados e sugeriu uma relação de nomes mais curta – algo que Cabul considera “inaceitável”.