Uma técnica que prevê o uso de um adesivo com agulhas microscópicas está sendo apresentada como a nova esperança no tratamento contra o câncer de pele. A descoberta poderá ser utilizada no combate ao carcinoma basocelular, que corresponde a 80% do tipo “não melanoma”. É o que mais atinge a população brasileira e representa 30% de todos os tumores malignos registrados no País.

Hoje, uma pessoa com câncer de pele em fase inicial é tratada com uma combinação de medicamento e luz vermelha à base de LEDs. Os médicos aplicam um creme composto por ácido aminolevulínico na lesão e, na sequência, posicionam o raio de luz — a interação desses elementos com o oxigênio das células gera radicais livres no tumor e o elimina. Espera-se que, com o uso do novo curativo de microagulhas, a terapia seja reduzida de três para uma hora de duração e utilize pelo menos quatro vezes menos a medicação em creme, atingindo o mesmo nível de eficiência.

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Parceria internacional

“Com a Terapia Fotodinamica convencional já atingimos 95% de eliminação tumoral nos testes clínicos. Esperamos que a aplicação de microagulhas no lugar do creme possa aumentar essa taxa”, diz Vanderlei Salvador Bagnato, físico da USP na cidade São Carlos, em São Paulo, e coordenador do estudo. O curativo de microagulhas foi idealizado em colaboração com a Queens University of Belfast, da Irlanda do Norte. O adesivo é constituído por um polímero absorvido pela pele que contém o medicamento indicado, o ácido aminolevulínico. Em cada adesivo há 361 agulhas microscópicas por centímetro quadrado. Apesar da denominação, elas não são metálicas, mas sim poliméricas e solúveis. Segundo Michelle Barreto Requena, pesquisadora que esteve na Irlanda para desenvolver o protótipo, a aplicação do dispositivo na pele não causa dor, nem sangramento, devido a seu tamanho: possui uma extensão de 0,5 milímetros. “A penetração das agulhas não atinge áreas de terminação nervosa”, afirma.

Os pesquisadores acreditam que esse curativo aumenta as chances de cura. “Vamos poder tratar lesões mais espessas”, afirma Requena. O prazo para que o adesivo esteja disponível para ser usado no ambiente hospitalar está estimado em dois anos.