Ademir Fesan tinha apenas dez anos na última vez em que o Primavera, de Indaiatuba, disputou a Série A2 do Campeonato Paulista. 34 anos depois, ele estava à beira do gramado, treinando e escrevendo mais um belo capítulo na história do clube paulista.

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O técnico foi um dos responsáveis por recolocar o Fantasma na segunda divisão do futebol paulista. Sua equipe conseguiu o feito ao vencer o Votuporanguense, na partida de volta da semifinal da A3, por 1 a 0. Fesan falou ao LANCE! sobre a sensação de conquistar o acesso heroico.

– Foi um dia extremamente especial e inesquecível, não somente para mim, mas para cada um do nosso grupo, desde jogadores, comissão técnica, diretoria, pessoal que toma conta do dia a dia do CT… A Série A3 é uma competição extremamente complicada e o clube me contratou com o objetivo de conseguir a difícil missão de retornar à Série A2. Montamos um grupo muito único, com atletas e profissionais exemplares e, depois de muito trabalho e dedicação, conquistamos a tão sonhada vaga e recolocamos o Primavera na segunda divisão do futebol de São Paulo após mais de 30 anos. Fizemos história – vibrou Ademir.

O Primavera empatou o primeiro jogo da semifinal, em casa, por 2 a 2, contra o Votuporanguense. O clube de Votuporanga não havia perdido em casa durante toda a competição e, tinha a vantagem de jogar por mais um empate para se classificar, já que ficou acima do Fantasma na primeira fase.

Precisando da vitória, Ademir revelou como foi a sua preleção para fazer seus jogadores saírem com a vaga.

– A conversa foi de motivação, fazê-los acreditar no resultado. Relembrar que era o jogo de vida deles, eles tinham que deixar tudo dentro campo, acreditar em cada lance, com foco total na bola. O papo com os jogadores foi esse e deu certo – revelou.

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A reconstrução do Primavera teve um importante passo no final de 2019, quando Deco, icônico meia luso-brasileiro, ao lado do empresário Nenê Zini, firmaram parceria com o Fantasma para gerir o departamento profissional e também administrar as categorias de base do clube.

Ademir fez questão de ressaltar a importância de Deco e Nenê Zini no ambiente do clube.

– O Deco não é tão presente, pois eles têm outros compromissos, ficando mais fora do país. O Primavera é mais um outro projeto dele. O Nenê sim já é mais presente. A minha relação com ambos é muito boa. Nomes desse porte fortalecem e dão segurança ao nosso trabalho.

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O foco do clube agora é levantar a taça da Série A3. O primeiro jogo da final aconteceu na quarta-feira (9). Na ocasião, o Fantasma recebeu o Linense no Estádio Ítalo Mário Limongi e as equipes empataram sem gols.

Campeão da Segunda Divisão, equivalente ao quarto escalão paulista, em 1977, 1995 e em 2018, o Fantasma brigará por um título único em sua história. Ademir comentou sobre a dimensão de disputar uma final inédita no clube, e o que o troféu representaria.

– O pessoal no clube está bem surpreso e feliz em relação a final, pois isso não acontecia há 34 anos. Seria o título mais importante na história do Primavera, pois é um clube de menor porte, em uma cidade pequena e por não possuir uma grande tradição.

O título seria a cereja no bolo de seu trabalho, que deve ter continuidade na Série A2. Sobre o planejamento da temporada, o treinador falou que ainda não há nada definido, mas projetou as ambições do clube na segunda divisão paulista.

– Não conversamos sobre a próxima temporada. Ainda temos a Copa Paulista no segundo semestre, que vai servir de base para o ano que vem. O objetivo quando entramos em qualquer competição é o acesso, não dá pra ser diferente. Dessa forma, iremos brigar por isso na Série A2. Mas primeiro é necessário definir e traçar o planejamento – afirmou o treinador.

Mesmo com 44 anos, Ademir tem em seu currículo duas décadas e meia de experiência no mundo do futebol. Como auxiliar técnico, ele aprendeu ao lado de Lisca, Marcelo Chamusca, Rogério Micale e Claudinei Oliveira.

Sob o comando do Primavera, ele acumula oito vitórias, sete empates e quatro derrotas. O sucesso no interior pode impulsionar sua carreira, e segundo ele, clubes de maior porte do estado podem considerá-lo no futuro.

– Como qualquer carreira, eu tenho o objetivo de planos maiores. Acredito que por estar em um mercado no estado de São Paulo, que chama atenção, alguns clubes de médio porte estão observando. Mas tudo isso vai depender da minha sequência de resultados. Um passo de cada vez – pregou o treinador.

* Sob supervisão de Marcio Monteiro