Adam Schiff, democrata à frente da investigação contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, buscou em sua juventude a glória de Hollywood, mas como procurador criou um roteiro de thriller.

Suas aspirações juvenis não foram a lugar algum, e Schiff agora se prepara para um outro tipo de protagonismo: a abertura de um julgamento político do presidente dos Estados Unidos.

Como presidente do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, Schiff baterá o martelo, nesta quarta (13), para o início da primeira audiência pública para determinar se Trump violou seu juramento ao cargo e à lei, ao buscar ajuda da Ucrânia para sua campanha de reeleição de 2020.

Ao que parece, poucos escolheriam Schiff, de 59 anos, como o condutor dos democratas para derrubar o líder republicano, que luta com unhas e dentes para salvar sua presidência.

Nos gestos e na postura, o congressista californiano que representa o centro da indústria do entretenimento de Hollywood-Burbank lembra um padre, ou um diretor de escola primária. Nunca levanta a voz e raramente se perde em hipérboles.

Isso tornou sua indignação com a notícia das negociações de Trump com Ucrânia, em setembro, ainda mais impactante.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

O pedido de um “favor” feito por Trump em julho ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reflete “um golpe típico de um cara mafioso a um líder estrangeiro”, criticou Schiff.

“É assim que um chefe da máfia fala: ‘o que você fez por nós?'”, completou.

Trump rebateu, alegando que Schiff inventou palavras que ele não disse e que agora não perde a chance de rotulá-lo, sem prova, como um “político corrupto”.

“Shifty (desonesto) Schiff é um político duplamente corrupto”, disse Trump na sexta-feira, chamando o julgamento político mais uma vez de “fraude” e “caça às bruxas”.

– ‘Medido por contundente’ –

Schiff se mostrou um investigador concentrado e duro. É um ciclista em forma que, aos 50 anos, completou um triatlo.

A líder democrata da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, escolheu-o, no lugar do presidente do Comitê Judiciário, Jerry Nadler, para dirigir o processo de impeachment.

Schiff é “lógico, linear, comedido, mas contundente”, justificou Pelosi.

Seu método foi forjado no final da década de 1980, quando Schiff mal tinha saído da Faculdade de Direito de Harvard e processou o primeiro agente do FBI detido por espionar para Moscou.

“Aprendi muito sobre o comércio russo: como operam os russos, a quem se dirigem, as vulnerabilidades que procuram”, disse ele, no início do ano, a Zach Dorfman, do programa Cibernético e Tecnológico do Instituto Aspen.

Esses antecedentes levaram o Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, que investigou nos últimos anos como os russos interferiram na campanha eleitoral de 2016.


– Pressão da imprensa –

Schiff se encarregou do “impeachment” com máxima dedicação, mostrando uma paciência limitada em relação aos esforços de companheiros republicanos de converter o processo em um show político.

As transcrições do testemunho obtido pelo comitê a portas fechadas em outubro mostram seu pulso firme, enquanto os republicanos tentavam desacreditar as testemunhas e tergiversar.

Isso tende a se intensificar sob os olhares atentos da audiência pela televisão nacional.

Schiff alega que as provas são fortes, indo além do telefonema de 25 de julho.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias