Acusados de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes, o policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiróz serão levados a júri popular. A decisão, do juiz Gustavo Kalil, da 4ª Vara Criminal do Rio foi tomada ontem, quatro dias antes de o crime completar dois anos.

A data do julgamento não foi ainda determinada. Fontes ligadas às investigações, no entanto, informaram que o julgamento deve ocorrer ainda este ano. “Não é suficiente, mas é muito simbólico, já que julgamentos desse tipo costumam levar anos para acontecer”, afirmou uma fonte.

Os dois serão julgados pelo duplo homicídio e também pela tentativa de assassinato de uma ex-assessora da vereadora que estava no carro no momento do ataque, mas escapou com vida. Lessa e Élcio estão presos preventivamente desde março do ano passado. O juiz manteve a prisão preventiva.

Na decisão, o juiz explica que os réus respondem por homicídio triplamente qualificado porque “agiram por motivo torpe, armaram uma emboscada e dificultaram a defesa das vítimas”. Os advogados dos réus informaram que pretendem recorrer da decisão. As defesas sustentam que não existem “indícios suficientes de autoria”.

O pedido de júri popular foi feito pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio. O MPRJ pediu também que os dois acusados ficassem em unidades prisionais diferentes para evitar que combinem versões sobre o crime. Sobre esse pedido, o juiz informou que ainda vai se pronunciar. Atualmente, os dois estão no Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia.

Marielle e Anderson foram mortos por tiros de uma submetralhadora HKMP5 disparada de dentro de um carro Cobalt de cor prata que os seguia na noite de 14 de março de 2018. Ronnie Lessa é apontado como o autor dos disparos. Ele estaria no banco de trás do carro. Élcio de Queiróz seria o motorista do veículo.

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De acordo com a sentença de Kalil, a Polícia Civil e o MP chegaram aos nomes de Lessa e Queiróz por meio de uma denúncia anônima feita oito meses após o crime. A partir dessa informação, os investigadores reuniram dados sobre as buscas feitas pelos dois na internet e também dados dos telefones celulares.

“Assim, o embate entre a tese ministerial e as defensivas deve ser decidido pelo Tribunal Popular”, conclui Kalil.

A Polícia Civil do Rio e o MPRJ seguem investigando o caso. Buscam, agora, determinar os mandantes do crime.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) julga até o fim deste mês o pedido da Procuradoria Geral da República para que o caso deixe de ser investigado no Rio e passe para a esfera federal.


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