09/09/2024 - 8:04
Os acusados de estuprar uma mulher dopada por seu marido na França apresentarão uma denúncia devido às ameaças que receberam após a divulgação de seus dados pessoais, anunciaram nesta segunda-feira seus advogados ao retomar o julgamento.
Em nome da defesa, a advogada Isabelle Crépin-Dehaene detalhou à imprensa os dados que vazaram nas redes sociais como nome, endereço e profissão, além de fotos tiradas durante o julgamento.
“Os filhos dos acusados foram agredidos em suas escolas, suas esposas e familiares foram insultados, os réus receberam telefonemas maldosos e tentaram invadir suas casas”, enumerou.
A advogada anunciou que queixas serão apresentadas a partir desta semana “para prevenir qualquer nova forma de violência” e “ataques à integridade física dos acusados e dos seus familiares”.
Serão apresentadas ações judiciais contra “aqueles que divulgam informações pessoais ou fazem comentários com conotações discriminatórias sobre réus com sobrenomes de origem estrangeira”.
“A Justiça é exercida através das nossas leis, com a calma do tempo e não com a agitação do momento”, concluiu Crépin-Dehaene, antes do início da segunda semana do julgamento em Avignon, no sul de França.
Os 51 réus podem pegar penas de prisão de até 20 anos por estupro qualificado. O principal acusado é Dominique Pelicot, que administrou drogas à sua esposa durante 10 anos para fazê-la dormir e permitir que estranhos a estuprassem.
Na sexta-feira, Gisèle Pelicot, principal vítima, também pediu, por meio de seus advogados a “máxima moderação” nas redes sociais, nas quais circulam os nomes de todos os réus.
“Este caso é um drama para as famílias de ambos os lados, porque as famílias dos acusados também não pediram por isso”, insistiu à AFP Antoine Camus, um dos advogados da mulher de 71 anos, na sexta-feira.
Além dos meios de comunicação tradicionais na França e no exterior, as redes sociais também mergulharam neste caso. A vítima renunciou a um julgamento sigiloso porque “a vergonha deve mudar de lado”.
O presidente do tribunal, Roger Arata, garantiu que fará o possível para garantir a serenidade das audiências e lembrou que é proibido fazer imagens do interior da sala durante o processo.
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