O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, afirmou há pouco, por meio de nota, que tem sido “injustamente acusado de articular um conluio envolvendo obras e contratos do governo federal”. O ministro argumenta que, segundo os vazamentos seletivos de uma suposta delação premiada do empresário Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, propinas teriam financiado a campanha à reeleição da presidenta Dilma Rousseff em 2014. “Esta alegação é uma mentira escandalosa e me causa extrema indignação e perplexidade”, justifica.

O ministro reforçou ainda que assumiu o governo em 2015 e que jamais trabalhou junto a outras esferas da União e disse que a acusação de que ele teria atuado como “articulador de um conluio envolvendo obras e contratos do governo federal” é “descabida e grosseira”. “É uma invenção vazada seletivamente a partir de uma suposta delação premiada, que tem o único objetivo de atingir a presidenta Dilma e interferir no processo de impeachment em andamento”, disse.

De acordo com a nota, o ministro irá interpelar legalmente, para posteriores ações judiciais, o empresário responsável por essa inverdade, para que ele responda às perguntas. Ainda na nota, Edinho critica a imprensa e diz que esses questionamentos a “imprensa brasileira não faz”.

Edinho, que foi coordenador financeiro da campanha Dilma-Temer em 2014, assumiu a tarefa em julho daquele ano, enquanto a operação Lava Jato já estava em pleno andamento. “Minha missão foi ‘blindar’ a campanha de qualquer fato que estivesse vinculado às denúncias. Assim o fiz. Por isso, garanto que nenhuma investigação vai encontrar algo que desabone a minha conduta e, por consequência, atinja a campanha da chapa Dilma-Temer”, garante.

Segundo nota divulgada pelo ministro, ele fará as seguintes perguntas na interpelação judicial: “A que planilha se refere o delator, sendo que não a conheço e nunca a vi? Com quais empresas eu teria feito a suposta combinação de doações em articulação com a Andrade Gutierrez? Com quais empresários eu teria combinado a doação no valor de R$ 100 milhões cada? Quando e onde?”.

Ele garante ainda que não haverá resposta a essas perguntas “pelo simples fato de que nada disso existiu”. O ministro da Secom diz acreditar no Poder Judiciário Brasileiro e afirma que a legislação brasileira não é manipulável e que o ônus da prova ainda cabe a quem acusa, ou a quem divulga acusação mentirosa.

“Sinto-me profundamente atingido pelas mentiras que têm sido divulgadas por essa suposta delação premiada. É lamentável que estejamos vivendo em um País onde a verdade tem tão pouco valor, em que a honra das pessoas seja atingida como se nada valesse”, afirma.

O ministro classificou como “lamentável” que processos de investigação sejam utilizados para a luta político-partidária, e que as delações premiadas, “que deveriam ser um valioso instrumento de investigação, tenham se tornado espaços de mentiras e manipulações”. E disse que, no caso da Andrade Gutierrez, “chega às raias da hipocrisia”.

Em nota, Edinho reafirma que esteve reunido com o empresário Otávio Azevedo, em Brasília, como relata a suposta delação, a seu pedido. “O empresário se locomoveu por livre e espontânea vontade até o comitê de campanha, na capital, e definiu os valores doados pela empresa, bem como datas para depósitos bancários. Otávio Azevedo jamais mencionou contratos e obras do governo federal, tampouco fez menção às doações como resultado de vantagens de propinas”, defende-se.

Sobre as doações da campanha, Edinho diz que elas foram declaradas à Justiça Eleitoral e os valores mostram que a campanha Dilma-Temer recebeu, inclusive, um valor inferior ao doado ao candidato adversário no segundo turno, o senador Aécio Neves (PSDB-MG). “Essa é a verdade. O restante é uma tentativa escandalosa de criminalizar doações legais que seguiram as regras e normas da legislação brasileira”, afirma Edinho.