Acordo sobre bispos chineses será mantido, afirma Parolin

CIDADE DO VATICANO, 10 OUT (ANSA) – O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, confirmou nesta sexta-feira (10) que o acordo entre a Santa Sé e a China sobre a nomeação de bispos será mantido.   

O religioso italiano avaliou que “não faltam dificuldades” nas relações entre Pequim e o Vaticano, mas comentou que elas “devem ser enfrentadas com paciência e confiança”.   

“Nós consideramos isso algo positivo, no sentido de que permitiu à Santa Sé e à China chegar a um consenso mínimo sobre a nomeação de bispos. O acordo também visava superar a situação e conduzir a Igreja à normalização”, declarou Parolin à margem de um evento sobre a China na Pontifícia Universidade Urbaniana.   

O cardeal avaliou que o papado de Leão XIV deverá seguir os passos de seu antecessor, o argentino Francisco, falecido em abril, no que diz respeito às relações com os chineses.   

“Acho que sim. Por outro lado, vocês viram que, no início do pontificado do Papa Leão, essas nomeações já foram feitas com base no acordo. É possível ser um bom católico e um bom chinês; ser católico não contradiz ser patriota”, afirmou.   

Em junho, Pequim aprovou a primeira nomeação de um bispo católico por Robert Francis Prevost, no âmbito do controverso pacto assinado pelo gigante asiático e pela Santa Sé durante o pontificado de Jorge Mario Bergoglio.   

O acordo bilateral está em vigor desde 2018, e seus termos exatos permanecem em sigilo, mas sabe-se que ele permitiu à Santa Sé recuperar um papel ativo na indicação de bispos chineses, que até então eram escolhidos à revelia do Papa.   

Os dois países romperam relações diplomáticas em 1951, quando o Vaticano reconheceu a independência de Taiwan, que ainda é vista por Pequim como uma “província rebelde”. Durante décadas, católicos chineses viveram divididos entre uma conferência de bispos escolhida pelo Partido Comunista e um braço da Igreja Apostólica Romana que atuava na clandestinidade.   

O acordo de 2018 já levou à nomeação de diversos bispos em comum acordo entre China e Vaticano, mas é alvo de críticas por não garantir à Igreja a mesma autonomia que ela possui em outros países. (ANSA).