O Irã concluiu um acordo de princípio com a fabricante Boeing para a compra de 100 aeronaves para renovar sua frota, um acordo que será submetido à aprovação do governo americano que continua a ser “inimigo” da República Islâmica.

Este acordo com a Boeing foi anunciado quase cinco meses após o acordo com a sua rival europeia Airbus.

“Dos 250 aviões existentes atualmente no país, 230 devem ser substituídos”, declarou o diretor da aviação civil iraniana, Ali Abedzadeh, em uma entrevista ao jornal Iran publicada neste domingo, afirmando que o novo acordo deverá obter a autorização do governo dos Estados Unidos.

A Boeing apresentou o seu pedido oficial para obter a autorização final para a venda de aeronaves, declarou Abedzadeh. Depois de obtê-la, o acordo final será assinado oficialmente, acrescentou.

Até lá, é impossível definir uma data para a assinatura e a entrada em vigor do acordo, indicou o chefe da Organização de Aviação Civil do Irã.

Ele também afirmou que o montante de 17 bilhões de dólares citado por alguns meios de comunicação não era definitivo e que os detalhes do acordo serão definidos após novas negociações.

A fabricante de aviões americana Boeing confirmou na quarta-feira que estava conduzindo negociações com as companhias aéreas iranianas para a venda de aviões comerciais.

“Tivemos discussões (…) sobre a possível venda de aeronaves e serviços comerciais”, indicou a fabricante em um comunicado, acrescentando: “Qualquer acordo estará sujeito à aprovação do governo dos Estados Unidos”.

O vice-ministro iraniano dos Transportes, Asghar Fakhrieh Kashan, tinha dito que “o acordo entre Iran Air e Boeing havia sido assinado, o que seria um dos maiores e mais importantes acordos militares após a revolução” islâmica de 1979, de acordo com a agência de notícias Fars.

O Irã ainda considera os Estados Unidos como seu principal “inimigo”, e o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, reiterou há poucos dias que não seu país não deve “confiar” em Washington, com quem selou um acordo nuclear histórico em julho de 2015.

“Os Estados Unidos não escondem de forma alguma sua animosidade (…) Alguns acreditam que podemos concordar com os Estados Unidos e resolver os nossos problemas, mas eles estão se iludindo”, declarou na terça-feira o aiatolá.

Airbus à espera

O Irã concluiu no final de janeiro um protocolo de entendimento com a fabricante de aviões europeia Airbus para a compra de 118 aeronaves.

Mas a permissão do Tesouro dos Estados Unidos ainda é esperada para a sua entrada em vigor.

Airbus deve, de fato, obter o acordo do OFAC (Escritório americano de Controle de Ativos Estrangeiros), dependente do Tesouro, pois mais de 10% de seus acionistas são de origem americana.

“A Airbus está finalizando as autorizações do OFAC e a promessa foi feita de que serão obtidas no prazo de dez dias”, disse Kashan à Fars. “Esperamos finalizar o acordo com a Airbus em um mês”, acrescentou.

Apesar da entrada em vigor do acordo nuclear entre o Irã e as grandes potências e a remoção de grande parte das sanções internacionais, os grandes bancos, particularmente na Europa, estão relutantes em fazer negócios com o Irã por medo de medidas punitivas dos Estados Unidos.

Mas se estes dois acordos de aviação realmente entrarem em vigor, vão dar um sinal positivo para as empresas e bancos estrangeiros.

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