O príncipe Andrew está “acabado” e deveria viver em “ignomínia” -, afirma a imprensa britânica nesta quarta-feira (16), ao informar que o filho de Elizabeth II pagará até 16 milhões de dólares para evitar um julgamento por agressão sexual contra uma menor de idade nos Estados Unidos.
Os advogados da americana que processou o príncipe, Virginia Giuffre, anunciaram na terça-feira (15) que as partes alcançaram um acordo financeiro confidencial que permite a Andrew, 61 anos, escapar da vergonha de um processo.
Virginia, de 38 anos, é uma das vítimas do bilionário americano Jeffrey Epstein. Declarado culpado de pedofilia por um tribunal da Flórida, ele cometeu suicídio em uma prisão de Nova York em 2019, quando aguardava um novo julgamento por tráfico e abuso de menores.
A amizade de Andrew com o empresário, que ele defendeu em uma controversa entrevista à rede BBC em novembro de 2019, provocou um escândalo que já havia obrigado o filho de Elizabeth II a abandonar a vida pública.
Em agosto do ano passado, Virginia Giuffre acusou-o de ter abusado sexualmente dela em Londres, Nova York e nas Ilha Virgens, após a mediação de seu amigo. À época, ela tinha 17 anos.
O filho da rainha sempre negou as acusações e disse que se defenderia. No início de janeiro, anunciou que compareceria “voluntariamente” para prestar depoimento em março, em Londres, diante dos advogados da americana.
Provavelmente por este motivo, a imprensa sensacionalista britânica, sempre implacável com a família real britânica, mostrou-se extremamente irritada com o acordo extrajudicial.
“Um homem verdadeiramente decidido a limpar seu nome de acusações tão atrozes teria lutado com unhas e dentes (…) e depois, em caso de vitória, teria tentado reconstruir sua vida”, afirma um editorial do The Sun.
“Andrew está acabado”, completa o jornal, ao afirmar que ele “deve abandonar por completo a vida pública e viver sua aposentadoria em ignomínia”.
Para o advogado britânico Mark Stephens, especialista em questões de reputação do escritório londrino Howard Kennedy LLP, “a maioria das pessoas vai observar o pagamento por danos e prejuízos a alguém que o príncipe Andrew diz nunca ter conhecido com espanto”.
O filho da rainha “preservou, em certa medida, a dignidade da família real (…) mas acredito que nunca voltará à vida pública”, afirmou à AFP.
– Até 16,3 milhões de dólares –
Os termos financeiros do acordo confidencial não foram revelados. Sabe-se apenas que o duque de York “tem a intenção de fazer uma doação substancial à organização de Virginia Giuffre”, criada no ano passado para ajudar vítimas de tráfico sexual.
De acordo com o tabloide Daily Mirror, o príncipe pagará 12 milhões de libras (16,3 milhões de dólares): 2 milhões de libras para a organização beneficente e 10 milhões de libras para Virginia Giuffre.
Outros jornais afirmam que o valor do acordo seria inferior. The Guardian cita mais de 7 milhões de libras, sem incluir os “milionários” honorários dos advogados, e o Daily Mail menciona uma “humilhação de 10 milhões de libras”.
Procurada pela AFP, uma porta-voz de Andrew se recusou a fazer comentários.
O cenário apresenta ainda a questão de por quem e como a conta será paga.
De acordo com a imprensa britânica, Andrew poderia vender seu luxuoso chalé suíço por 18 milhões de libras (24 milhões de dólares). Ele ainda teria de pagar, no entanto, uma dívida significativa por esta aquisição, feita em 2014.
O jornal conservador Daily Telegraph informa que a Elizabeth II contribuiria para o pagamento com um valor não determinado de seus recursos.
A rainha e seu filho mais velho e herdeiro do trono, Charles, 73 anos, desejavam encerrar um escândalo especialmente embaraçoso para a família real no ano em que Elizabeth II celebra o Jubileu de Platina, 70 anos de reinado, com uma campanha que pretende reavivar o amor dos britânicos pela monarquia.
Para proteger a instituição, Andrew perdeu suas honras e títulos militares em janeiro e não pode mais usar o título de Alteza Real.