As cotas de importação de carne e etanol oferecidas nesta semana pela União Europeia ao Mercosul foram consideradas insuficientes e tornam “um pouco mais difícil” alcançar um acordo para dezembro, disse nesta sexta-feira (6) um dos principais negociadores do bloco sul-americano.

Durante as negociações realizadas nesta semana em Brasília, a UE completou sua oferta – de um contingente de 70 mil toneladas de carne bovina e de 600 mil toneladas de etanol ao ano, dois bens muito delicados no velho continente.

“Tecnicamente, é possível. É um pouquinho mais difícil porque tem um desafio adicional que não esperávamos”, disse o diplomata Ronaldo Costa Filho, do Brasil.

A proposta europeia ficou abaixo das 100 mil toneladas de carne e 1 milhão de toneladas de etanol que tinha oferecido durante o fracassado intercâmbio de ofertas de 2004, contrariando o acordo de que as cotas deveriam melhorar neste ano.

“Ficaram aquém das expetativas (…). Esta é a razão principal da decepção do Mercosul”, completou Costa Filho.

O resultado da rodada de negociações gerou uma reação negativa no setor privado de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, países que integram essa união aduaneira sul-americana.

Do outro lado do oceano Atlântico, a proposta também levanta reticências, sobretudo nos países com maior tradição agrícola. França, Irlanda, Bélgica e outros oito países consideraram que esse não era o momento de fazer essas ofertas, e queriam deixá-las para o fim das negociações.

Ambos blocos começaram a negociar seu Acordo de Associação em 1999, mas em 2004, após uma troca de ofertas que as duas partes consideraram insuficientes, as negociações ficaram suspensas por seis anos. Recentemente, foram retomadas com o compromisso de melhorar as ofertas originais.