Eleito senador por Minas Gerais em 2018, em inesperada virada eleitoral que mandou a saudadora de mandioca, Dilma Rousseff, para o quarto lugar da eleição, Rodrigo Pacheco (Democratas) é dono de uma carreira meteórica na política. Em seu primeiro mandato como senador, o rondoniense de nascença e mineiro por adoção é nada menos que o presidente do Senado Federal, casa onde figuram personagens nada abonadoras como o protegido-mor do STF, Renan Calheiros.

Dono de inteligência e cultura geral acima da média de seus pares, conta também com oratória elegante e raciocínio rápido, predicados indispensáveis a bons advogados. Infelizmente, tantas qualidades têm sido mantidas tímidas e silentes. Diante de um quadro político extremamente grave, onde o chefe do Poder Executivo decide atropelar a democracia e prega abertamente o golpe de Estado, e da reação atrasada, mas proporcional, do Poder Judiciário, esperava-se bem mais do senador.

Até mesmo Arthur Lira, um dos expoentes do tal centrão e presidente da Câmara dos Deputados, aliado-barra-sócio do presidente da República, o golpista homicida Jair Bolsonaro, ainda que de forma tímida, já se posicionou a favor da democracia. Já Rodrigo, como brasileiro, democrata, senador da República e presidente do Congresso Nacional, mantém-se em silêncio obsequioso, omisso, cúmplice e sepulcral diante das ameaças golpistas diárias do verdugo do Planalto.

Além de indecoroso e incompatível com os títulos acima, para alguém que postula a condição de possível candidato da chamada 3ª via em 2022, a timidez, para se dizer o mínimo, do jovem político de 44 anos é simplesmente inaceitável e imperdoável. Bolsonaro, com absoluta certeza, não irá parar. Ao contrário. A tendência é avançar cada vez mais contra o Estado Democrático de Direito, pois é a única forma de se manter no poder e conseguir escapar das garras da Justiça brasileira.

Assim, Rodrigo tem tempo de se apresentar para a batalha contra a tirania, ainda que o estrago em sua imagem seja irreversível. Contudo, se mantiver a mesma postura omissa, será conhecido e reconhecido como covarde. Ou cúmplice. A semana é essa, senador! Que a segunda-feira seja marcada por sua presença e posição firme contrária ao golpe. Pessoalmente, não aposto meio centavo nisso. Mas ficaria feliz em vê-lo agir como democrata, e não como criado-mudo de ditador.