O Jornal Nacional na segunda (22) inaugurou a temporada de entrevistas com os candidatos à Presidência da República na eleição deste ano. Nesta quinta-feira (25), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o terceiro a ser entrevistado e falou sobre corrupção, polarização, agronegócio e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Nas sabatinas do Jornal Nacional, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o primeiro da série. Na terça-feira (23), houve a participação de Ciro Gomes e ainda terá Simone Tebet (MDBT) nesta sexta-feira (26).

No início da entrevista, o jornalista William Bonner relembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou o ex-juiz Sergio Moro parcial e anulou as condenações contra o ex-presidente. Nesse momento, Lula agradeceu a oportunidade de estar falando publicamente pela primeira sobre o assunto e afirmou “fui massacrado durante cinco anos”.

Depois, o apresentador tocou no escândalo de corrupção que ocorreu dentro da Petrobras e perguntou ao candidato o que ele pretende fazer sobre esse ponto caso seja eleito. Então Lula disse: “Qualquer hipótese de alguém cometer qualquer crime, por menor ou maior que seja, essa pessoa será investigada, será julgada e punida ou absolvida. Assim que você combate a corrupção no País. Corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada”.

O ex-presidente aproveitou a oportunidade para relembrar as medidas que foram criadas durante a sua gestão. “Foi no meu governo que a gente criou o portal da transparência, a CGU, a Lei de Acesso à Informação, a Lei Anticorrupção, Lei contra Lavagem de Dinheiro, criamos o Coaf e colocamos o Cade para combater os cartéis. O Ministério Público era independente e a Polícia Federal recebeu mais independência que em toda história”.

Ao ser instigado novamente sobre a Petrobras, Lula admitiu que houve corrupção. “Não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram. O que é mais grave é que as pessoas confessaram e, por conta das pessoas confessaram, ficaram ricas. Você não só ganhava liberdade por falar o que queria o Ministério Público, como você ganhava metade do que roubou. O roubo foi oficializado pelo Ministério Público, o que eu acho uma insanidade e uma aberração para esse País. Lava Jato quase joga nome do MP na lama. MP é instituição séria que eu sempre valorizei, da mesma forma a PF.”

Procuradoria-Geral

A apresentadora Renata Vasconcellos questionou o ex-presidente sobre o motivo de ainda não informar o que fará na Procuradoria-Geral da República e ele afirmou que está fazendo isso para deixar Augusto Aras “com um pulga atrás da orelha”. “O Procurador-Geral da República não tem que ser leal a mim, e sim ao povo. Não quero amigos, que pessoas competentes, republicanas e que respeitam as instituições”.

Nesse momento, Lula afirmou que, caso seja eleito, não irá interferir em possíveis investigações. “A liberdade das instituições é o que vai garantir a democracia neste País”.

Economia

Em seguida, William Bonner abordou a gestão econômica ao informou que, segundo os economistas, o próximo governo terá de lidar um desequilíbrio e perguntou a Lula como ele pretende recuperar a estabilidade das contas. “Nas eleições de 2002, os meus economistas diziam que o Brasil estava quebrado. O nós fizemos? Primeiro reduzimos a inflação para meta, depois diminuímos a dívida pública e fizemos a maior política de inclusão social. É assim que vamos governar este País. Digo sempre que há três palavras mágicas para governar o Brasil, são elas: credibilidade, previsilidade e estabilidade”.

Orçamento secreto

A jornalista Renata Vasconcellos perguntou ao ex-presidente como ele evitaria um outro escândalo como mensalão, e ele a instigou questionando se isso era mais grave que o orçamento secreto. “(O orçamento secreto) não é moeda de troca, é usurpação do poder. Acabou o presidencialismo, o Bolsonaro não manda em nada.”

Ao ser interrogado se conseguiria fazer o Congresso abrir mão do orçamento secreto, Lula afirmou que pretende resolver isso “conversando com os deputados”.

Polarização

Em seguida, o jornalista William Bonner perguntou ao ex-presidente quais lições ele e o PT tiraram da polarização. “Feliz era o Brasil e a Democracia quando a polarização era entre o PT e o PSB. Nós éramos adversários políticos, trocávamos farpas, mas a gente não se tratava como inimigos.”

“A polarização é saudável no mundo inteiro. Quando se tem a democracia, a polarização é importante e estimulante. É importante não confundir polarização com estimulo ao ódio. Eu aprendi na minha vida a conversa e negociar com os contrários”.

Agronegócio

Renata Vasconcellos tocou no ponto de que a política agrícola do governo Lula contribuiu para o crescimento do agronegócio e perguntou se o fato desse segmento não o apoiar tem relação com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Não. Não tem nenhum governo que tratou o agronegócio como nós tratamos… Os empresários sérios do agronegócio quer preservar o meio ambiente. O que nós precisamos é explorar corretamente, cientificamente a biodiversidade da Amazônia, para tirar daquela riqueza a geração de emprego para as pessoas”.

“O MTS está fazendo uma coisa extraordinária é que cuidar de produzir. Hoje o movimento possui várias corporativas e é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil”.

Considerações finais

No final da Sabatina, Lula teve um minuto para falar com o público. Confira o que disse:

“Queria dizer ao povo brasileiro que nós já provamos que é possível cuidar do cidadão brasileiro. Eu vou tentar colocar o pobre de volta para viver, quero levar às pessoas para voltarem às universidades. Foi durante os meus governo que foram feitos os maiores números de faculdades, escola técnicas… pulamos de 3.5 estudantes para 8 milhões. Esse país do futuro que precisamos reviver. Nenhum país fica rico sem investir na educação. Também quero voltar a produzir empregos. E também vamos negociar as dívidas com setor privado e sistema financeiro para que as pessoas voltem a viver com dignidade.”