As ações da Petrobras tiveram uma leve recuperação nesta terça-feira (23), um dia depois de terem despencado 20% após o anúncio de que o governo de Jair Bolsonaro mudaria o presidente da empresa.

As ações preferenciais fecharam com alta de 12,17% e as ordinárias com um avanço de 8,86%, aliviando as perdas registradas na segunda-feira, equivalentes a R$ 74 bilhões do valor de mercado da empresa.

O Ibovespa fechou em alta de 2,27% e atingiu 115.227 pontos.

O mercado acompanhou de perto uma reunião do Conselho de Administração da Petrobras, nesta terça-feira, que analisou a indicação, por Bolsonaro, do general da reserva Joaquim Silva e Luna para presidir a estatal. O pregão foi encerrado sem que houvesse uma decisão.

Bolsonaro anunciou na sexta-feira ter escolhido Silva e Luna, ex-ministro da Defesa, para substituir Roberto Castello Branco, um economista visto com bons olhos pelo meio financeiro.

A mudança reacendeu temores de que o presidente possa decidir interferir na política de preços da empresa, de olho na reeleição no ano que vem.

A manobra gera novas turbulências na relação entre o presidente e o setor empresarial, que o apoiou em 2018, seduzido por suas promessas de reformas a favor do mercado e de políticas liberais.

Ao anunciar na sexta-feira a decisão de nomear Silva e Luna, Bolsonaro negou querer interferir na política de preços da Petrobras.

Nesta terça-feira, ele voltou a falar sobe “mudanças” na estatal: “Vocês vão ver a Petrobras como vai melhorar. Assim como, se tiver que fazer qualquer mudança, nós faremos”, afirmou a seguidores fora do Palácio da Alvorada, sua residência oficial em Brasília.

Mais tarde, em um compromisso oficial, o presidente baixou o tom.

“Nós não temos uma briga com a Petrobras. Nós queremos sim que, cada vez mais, ela possa nos dar transparência e também previsibilidade. Não precisamos esconder reajustes ou seja lá o que for o que integra o preço final dos combustíveis”, acrescentou.

Em 2021, a Petrobras aumentou os preços dos combustíveis quatro vezes, com um aumento acumulado de 34,78%. Isso irritou os caminhoneiros, que ameaçaram fazer uma greve como a que paralisou o país por vários dias em 2018.

O Brasil, maior economia da América Latina, está entre os dez maiores produtores de petróleo do mundo, com 3,67 milhões de barris por dia em 2019.