Bonn, Alemanha, 26 – Acionistas da Bayer expressaram sua frustração com o CEO Werner Baumann nesta sexta-feira, alertando que a aquisição da Monsanto colocou o futuro da Bayer em risco – a compra deixou a empresa exposta a milhares de processos nos EUA alegando que o herbicida Roundup, à base de glifosato, causa câncer. Investidores reunidos na assembleia anual da companhia dizem que Baumann e demais diretores subestimaram os riscos judiciais da aquisição. Baumann é considerado o principal responsável pelo negócio, que ele intermediou e aprovou dias após se tornar CEO em 2016.

“A diretoria infectou uma Bayer saudável com o vírus Monsanto e agora está brincando de médico sem ter a cura em mãos”, disse Ingo Speich, chefe de governança corporativa na Deka Investment, que tem cerca de 1% da Bayer. “É preciso perguntar se a due diligence foi feita de forma inadequada”, afirmou Janne Werning, analista de riscos de governança, ambientais e sociais na acionista Union Investment.

Baumann e o presidente do conselho de supervisão da empresa, Werner Wenning, defenderam a compra da Monsanto e o trabalho da Bayer: “A aquisição foi e é o passo correto para a Bayer”, disse o CEO em carta aos acionistas.

Alguns grandes investidores, como a Union Investment e a Deka, afirmaram que não apoiariam uma moção que pede que acionistas na Alemanha endossem as ações da diretoria no último ano. A rejeição da moção seria um vexame para os diretores e poderia levar a conversas sobre mudanças na diretoria. No entanto, até mesmo alguns acionistas que pedem por um voto de não-confiança alertam que uma mudança na liderança agravaria a crise da Bayer em vez de ajudá-la.

Na última terça-feira, a Bayer entrou com recurso contra a decisão de um tribunal na Califórnia que condenou a companhia a pagar US$ 289,2 milhões a um ex-jardineiro que teria desenvolvido câncer por causa do herbicida Roundup, comercializado pela Monsanto. No fim de março deste ano, um tribunal em São Francisco condenou a Bayer a pagar indenização de mais de US$ 80 milhões a um morador da Califórnia, Edwin Hardeman, que também teria desenvolvido câncer pela exposição. O júri considerou que a Monsanto agiu de forma negligente ao não alertar para os riscos do glifosato.

A Bayer também pretende recorrer dessa decisão, num processo que pode levar dois anos, disse Baumann. Nesta quinta-feira, a Bayer disse que atualmente enfrenta 13,4 mil processos judiciais envolvendo o Roundup. Baumann disse que a queda das ações da empresa foi um duro golpe e que o litígio ainda pode se estender por vários anos. Fonte: Dow Jones Newswires