O empresário Nelson Tanure, acionista minoritário da Oi por meio do fundo Société Mondiale, prepara um plano de recuperação judicial paralelo ao que vem sendo desenhado pela administração da companhia e pretende torná-lo público em setembro apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O presidente da Oi, Marco Schroeder, informou na semana passada que a empresa deve apresentar o plano entre o final de agosto e o início de setembro. Mas, segundo uma fonte, Tanure defende que a alternativa que terá em mão será mais atrativa. O que ainda não está claro é ele como planeja fazer com que prevaleça a sua oferta, uma vez que a elaboração da proposta aos credores deve ser feita pela companhia.

O certo é que Tanure se movimenta para ganhar poder na operadora de telecomunicações afastando os membros do Conselho de Administração ligados a Pharol (antiga Portugal Telecom, maior acionista individual da Oi) e elegendo seus indicados. Procurado, o empresário não quis fazer comentários.

Tanure já estaria alinhado com ao menos oito fundos acionistas da Oi, alguns deles aumentaram ou adquiriram ações da empresa depois do pedido de recuperação judicial. Parte deles tem 4,8% de participação no capital social. Dessa forma, não precisam revelar ao mercado as suas posições, o que é mandatório a partir de 5%.

Entre as propostas do plano do investidor, está a de que seja feita uma operação de “spin-off” (separação) de unidades da empresa, apurou o Broadcast. Os credores poderia converter parte da dívida em participações nelas. Além disso, defende um desconto (haircut) para os credores em cerca de 50%, abaixo do percentual sugerido pela Oi.

Nas conversas com bondholders antes de entrar com o plano de recuperação judicial, estava previsto haircut de 70% da dívida, sendo que metade do restante seria convertida em novos títulos de dívida e a outra metade em ações.

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Apesar da resistência do Conselho de Administração, Tanure trabalha para manter em 8 de setembro as assembleias de acionistas, uma delas para destituir a maior parte dos atuais membros do conselho de administração da Oi, que são ligados à Pharol (antiga Portugal Telecom, maior acionista individual da Oi).

Ainda que esteja alinhado com o grupo de fundos na tentativa de tirar os portugueses do conselho, o empresário defende que o grupo não vota em bloco. O fundo Société Mondiale teria 6,32% da tele, mas o porcentual deve ser elevado nas próximas semanas.

O conselho da Oi já informou ao mercado que a realização da assembleia depende de uma análise prévia da 7ª Vara Empresarial do Rio, responsável pelo processo de recuperação judicial da Oi.

O Broadcast apurou que na visão do empresário, apesar do seu endividamento, a Oi é uma companhia atrativa por causa dos seus ativos que incluem uma extensa rede de fibra óptica. Tanure iniciou a compra de participação na tele há cerca de seis meses.

O empresário é conhecido por comprar posições em empresas com dificuldades financeiras. Um caso mais recente foi o da petroleira HRT (rebatizada de PetroRio), onde adquiriu participação relevante e se tornou um dos principais investidores depois que a companhia viu seu valor derreter na Bolsa de Valores por não conseguir cumprir várias promessas de produção de petróleo.


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