Acidente da Air India: comandante sob suspeita de ter cortado combustível

REUTERS/Amit Dave/File Photo
Foto: REUTERS/Amit Dave/File Photo

Uma gravação entre os dois pilotos do voo da Air India, que caiu no mês passado, indica que o capitão cortou o fluxo de combustível para os motores do avião, informou o Wall Street Journal nesta quarta-feira, 17.

O jornal citou pessoas familiarizadas com a investigação do acidente ocorrido em 12 de junho com um Boeing 787 Dreamliner em Ahmedabad, na Índia, que matou 260 pessoas.

Discordância na cabine

O relatório preliminar divulgado no sábado pelo Bureau de Investigação de Acidentes Aeronáuticos da Índia (AAIB, na sigla em inglês) afirmou que um dos pilotos foi ouvido no gravador de voz da cabine perguntando ao outro por que ele havia cortado o combustível, e o outro piloto respondeu que “não fez isso”.

Os investigadores não identificaram quais declarações foram feitas pelo comandante Sumeet Sabharwal e quais pelo primeiro oficial Clive Kunder, que tinham, respectivamente, 15.638 horas e 3.403 horas de experiência de voo.

Kunder, que estava pilotando a aeronave, perguntou a Sabharwal por que ele moveu os interruptores de combustível para a posição de “corte” segundos após a decolagem, informou a publicação americana.

Sem evidências físicas

Além da troca verbal, o jornal não apresentou evidências de que Sabharwal realmente moveu os interruptores, mas citou pilotos americanos que leram o relatório das autoridades indianas. Eles afirmaram que o piloto no comando da aeronave provavelmente estava com as mãos ocupadas puxando os controles do Dreamliner naquele momento do voo.

A AAIB da Índia, a Direção Geral de Aviação Civil, o Ministério da Aviação Civil, a Air India e dois sindicatos que representam pilotos indianos não responderam imediatamente aos pedidos de comentário da Reuters sobre o relatório do Wall Street Journal. A Boeing recusou-se a comentar.

O relatório preliminar da AAIB afirmou que os interruptores de combustível mudaram da posição “run” (funcionamento) para “cutoff” (corte) com um segundo de diferença logo após a decolagem, mas não explicou como eles foram acionados.

Quase imediatamente após o avião deixar o solo, imagens de câmeras de segurança mostraram que uma fonte de energia de emergência chamada turbina de ar de impacto (ram air turbine) foi acionada, indicando perda de energia dos motores.

O avião, que seguia para Londres, começou a perder empuxo e, após atingir uma altitude de 650 pés (cerca de 198 metros), começou a cair. Os interruptores de combustível dos dois motores foram colocados de volta na posição de funcionamento, e a aeronave tentou reiniciar os motores automaticamente, segundo o relatório. No entanto, o avião estava muito baixo e lento para conseguir se recuperar, explicou o especialista em segurança da aviação John Nance à Reuters.

A aeronave atingiu algumas árvores e uma chaminé antes de cair em uma bola de fogo sobre um prédio no campus de uma faculdade de medicina próxima, segundo o relatório, matando 19 pessoas em solo e 241 das 242 a bordo.