Nove pessoas morreram em um acampamento ilegal do MST no estado do Pará, quando trabalhadores que instalavam uma antena de Internet tocaram acidentalmente um cabo de alta tensão, eletrocutando três operários e seis moradores, informaram as autoridades neste domingo (10).

O acidente, ocorrido no sábado, causou um curto-circuito que também provocou um grande incêndio em um acampamento populoso do MST, instalado nos arredores da cidade de Parauapebas. Várias casas modestas pegaram fogo na sequência, informaram autoridades do Corpo de Bombeiros do Pará.

“Houve nove vítimas no total confirmadas pelo IML”, declarou à AFP Charles Catuaba, comandante do Corpo de Bombeiros militar paraense.

“As casas na invasão são uma próxima da outra, [construídas com] material de fácil combustão, [com] telhado de palha, algumas casas ou barracos também eram isoladas com paredes de palha. Isso desencadeou os incêndios”, explicou o oficial.

As autoridades continuam trabalhando para identificar os corpos carbonizados de duas vítimas.

Cerca de 2.000 famílias moravam neste acampamento, nos arredores de Parauapebas, chamado “Terra e Liberdade”, segundo o MST.

A tragédia é “fruto de uma sociedade que não deu oportunidade para que essas famílias tivessem um lugar digno para viver”, afirmou, em nota, o líder do MST, João Paulo Rodrigues.

Fundado em 1984, o MST – originalmente Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – é uma organização social e política formada originalmente por camponeses e suas famílias que lutam pelo acesso à terra para os pobres em um país profundamente desigual. Suas ocupações de terras o tornaram um movimento muito controverso e seus detratores o acusam de radicalismo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo partido, o PT, é um aliado histórico do MST, enviou ao Pará seu ministro de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), César Aldrighi, para “levar todo o apoio do Governo Federal às famílias das vítimas dessa tragédia”, informou seu gabinete em um comunicado.

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