NÁPOLES, 25 NOV (ANSA) – Um clima de comoção tomou conta de Nápoles, maior cidade do sul da Itália, após o anúncio da morte de Diego Armando Maradona, que tinha 60 anos de idade e foi vítima de uma parada cardiorrespiratória.   

O “Pibe de Oro” é o maior ídolo da história do Napoli e levou o clube aos seus únicos dois títulos na Série A, nas temporadas de 1986/87 e 1989/90. Assim que a notícia do falecimento correu pelos ouvidos napolitanos, torcedores começaram a se reunir em frente aos murais em homenagem a Maradona nos “Quartieri Spagnoli”, dando ares de peregrinação à concentração dos fãs.   

“Não é possível! Meu filho, que agora mora em Milão, ia sempre no estádio quando ele estava aqui… Que dor, é como se eu tivesse perdido um filho”, afirmou a idosa Assunta, ao receber a notícia enquanto fazia compras no centro da cidade.   

“Ele vai ficar para sempre em nossos corações. Lembro-me de quando ele chegou ao San Paolo… Que emoção! Eu estava lá”, contou, em lágrimas, o torcedor Augusto, de 60 anos, a mesma idade com a qual o gênio partiu.   

Muitos fãs acenderam dezenas de velas em memória do ex-craque, enquanto um bar repleto de fotos e camisas do ídolo projetou imagens de seus gols com a camisa azzurra. Ao mesmo tempo, fãs entoavam o coro “Eu vi Maradona” a plenos pulmões.   

Já o prefeito de Nápoles, Luigi de Magistris, declarou luto municipal pela morte do “Pibe” e propôs rebatizar o Estádio San Paolo, onde o argentino passou alguns dos melhores anos de sua carreira, com o nome de Diego Armando Maradona.   

As luzes do San Paolo ficarão acesas durante toda a noite para relembrar seu principal astro. No lado externo da “curva B”, onde ficam as torcidas organizadas napolitanas, foi estendida uma faixa com os dizeres: “Ó rei imortal, sua bandeira nunca deixará de tremular”.   

Maradona defendeu o Napoli de 1984 a 1991 e, além dos dois títulos na Série A, disputou 188 partidas e marcou 81 gols. Sua passagem pelo clube azzurro ainda culminou nos títulos da Copa da Itália (1986/87), da Supercopa Italiana (1990) e da Copa da Uefa (1988/1989), precursora da Liga Europa.   

Desde que Maradona deixou o Napoli, o time conquistou apenas três edições da Copa da Itália e uma Supercopa. “Morreu Diego Armando Maradona, o mais imenso jogador de todos os tempos.   

Diego fez nosso povo sonhar, resgatou Nápoles com sua genialidade. Em 2017, havia se tornado cidadão honorário. Diego, napolitano e argentino, nos doou alegria e felicidade. Nápoles te ama”, escreveu De Magistris no Twitter.   

Corrado Ferlaino, presidente do Napoli naquela era de ouro que nunca mais se repetiu, disse à emissora Rai Sport que Maradona foi um “gênio”. “E a um gênio não podemos pedir que seja um homem comum”, acrescentou.   

Giuseppe Bruscolotti, capitão do Napoli no primeiro Scudetto, destacou que a cidade “perde um filho” e que o “mundo inteiro” deveria estar de luto. Ottavio Bianchi, treinador daquele esquadrão, não conseguiu conter a emoção ao ser contatado por telefone e afirmou estar “chocado”.   

“Não consigo falar agora, precisamos deixar o tempo passar”, respondeu, com a voz embargada pela tristeza. Outro napolitano ilustre, o cineasta Paolo Sorrentino, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2014, sentenciou, em declaração à ANSA: “Maradona não morreu, foi apenas jogar fora de casa”.   

O diretor acaba de finalizar as gravações de seu novo filme, “È Stata la Mano di Dio”, dedicado ao ex-craque e à sua passagem vitoriosa pelo Napoli.   

Em seu perfil no Instagram, o escritor e jornalista Roberto Saviano, autor de livros sobre a máfia napolitana, resumiu em poucas palavras o sentimento de um povo calejado pelo sofrimento, mas que encontrou em Maradona um motivo de glória: “Achava que você era imortal”. (ANSA).