“Cadê o Queiroz?” O mistério que ficou no ar durante meses foi resolvido na manhã desta quinta-feira.
O assessor de Flávio Bolsonaro investigado pelo envolvimento em um esquema de rachadinha na Assembleia do Rio de Janeiro estava numa propriedade de Frederick Wassef, advogado do clã presidencial. E não era há pouco tempo. Ele estava escondido havia cerca de um ano na chácara em Atibaia, interior de São Paulo. Foi preso numa operação requisitada pelo Ministério Público do Rio.
A resposta para o enigma amplia a pressão sobre Jair Bolsonaro. Além das ações de cassação de sua chapa que correm no TSE, e das duas investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal sobre a rede de bullying político e fake news integrada por bolsonaristas, ele terá de se defender nessa nova frente.
As circunstâncias da prisão de Queiroz são embaraçosas. Desde o ano passado Flávio afirmava não saber do seu paradeiro. O fato de ser Wassef o guardião de Queiroz torna essa hipótese inverossímil. O advogado ficou muito próximo do presidente, passou a ser visto como uma espécie de faz-tudo no Planalto.
Queiroz é um homem doente. Já deve ter sido informado que sua mulher também foi presa. Quais serão seus incentivos para não contar o que sabe a respeito do presidente, que conhece desde os anos 1980, e seus filhos? Ao longo de seu período semi-clandestino ele fez chegar a público, mais de uma vez, que não gostava da ideia de ser bode expiatório para os erros de outros.
Os documentos apreendidos com Queiroz e as declarações que ele eventualmente fizer à polícia e ao MP podem ser demolidoras para Flávio Bolsonaro. Talvez tenham alcance maior, chegando ao presidente. Não convém especular sobre as consequências jurídicas. Mas a imagem de um Bolsonaro que não compactua com falcatruas e “patifarias” dificilmente sairá incólume.
O presidente já revelou sofrer de insônia. Vai ter mais dificuldades para dormir a partir de agora.