O colecionismo no Brasil há muito deixou de ser atividade de amadores. Hoje, as maiores coleções privadas do País têm um foco determinado, embora alguns acervos conservem o mesmo ecletismo que caracterizou a seleção pessoal do colecionador e empresário de origem inglesa Roger Wright, um entusiasta da arte brasileira, particularmente a vanguarda pop dos anos 1960.

Entre as mais ecléticas coleções está a do empresário cearense Ayrton Queiroz, que tem desde paisagens do barroco holandês Frans Post a contemporâneos como Tunga, passando pelos modernistas, concretos e neoconcretos. Outra coleção que conserva o mesmo espírito é a do carioca Sérgio Fadel. Com mais de 1.500 obras guardadas no Rio, seu acervo permite uma visão abrangente da história da arte brasileira desde o século 18 até o atual, embora as exposições organizadas em torno dele quase sempre privilegiem as obras dos construtivistas de sua coleção.

Dois outros colecionadores, Ronaldo Cesar Coelho e Alfredo Setúbal, foram por caminho diverso, concentrando seus esforços na busca de obras icônicas do modernismo brasileiro. O primeiro, administrador de empresas e político carioca, chegou a pagar US$ 759 mil por uma natureza-morta de Guignard (Vaso de Flores) leiloada pela Christie’s em 2009.

Banqueiro responsável pelas aquisições do Itaú Unibanco, o paulistano Alfredo Setúbal tem em sua coleção mais de 1 mil obras, a maioria produzida entre o período posterior ao advento do modernismo no Brasil e o atual. Como os demais, é um colecionador atuante, desses que frequentam feiras de arte em busca de raros.

Nos últimos três ou quatro anos, segundo o leiloeiro James Lisboa, essas obras icônicas desapareceram dos leilões. Após a venda da coleção de Adolpho Leirner para o Museum of Fine Arts de Houston, em 2007, e da mais icônica obra modernista, a tela Abaporu, de Tarsila, ao empresário argentino Eduardo Constantin, em 1995 (por US$ 2,5 milhões), os colecionadores ficaram mais cautelosos em se desfazer de obras importantes.

Os banqueiros lideram a lista dos maiores colecionadores de arte do País. Alguns perderam seus acervos por decisão da lei, caso de Edemar Cid Ferreira, que teve sua falência decretada em 2005 por crimes contra o sistema financeiro.

Entre os banqueiros, um dos mais badalados pelos galeristas é o presidente do Credit Suisse do Brasil, José Olympio Pereira, cuja coleção é alvo de uma mostra no Instituto Tomie Ohtake. É, sem dúvida, um dos melhores acervos de arte contemporânea brasileira, como comprova a exposição, em que se destacam obras históricas de Waltercio Caldas e uma sala toda dedicada a Volpi.

O pintor modernista está presente em todas as coleções importantes. Também é homenageado numa retrospectiva do MAM com pinturas pertencentes ao colecionador Ladi Biezus, engenheiro que comprou essas obras do próprio Volpi e integra a seleta confraria dos “volpistas”. A lista dos grandes colecionadores é imensa, mas cabe ainda destacar a importância de João Carlos Figueiredo Ferraz, que concentrou sua atenção nos contemporâneos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.