Acareação no STF: Cid reafirma que recebeu dinheiro de Braga Netto, diz advogado

Mauro Cid
Tenente-coronel Mauro Cid Foto: Ton Molina/STF

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), reafirmou nesta terça-feira, 24, durante acareação no STF (Supremo Tribunal Federal), que recebeu uma quantia em dinheiro vivo dentro de um “caixa de vinho” fechada das mãos do ex-ministro e general Braga Netto.

De acordo com Cid, o general teria dito que “esse era o dinheiro que você havia me pedido anteiormente”, supostamente tratando-se da solicitação de valores para a suposta trama golpista após o resultado das eleições de 2022, da qual Bolsonaro foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

+ Braga Netto chamou Cid de ‘mentiroso’ em acareação e ele ficou de cabeça baixa

Assim que terminou a acareação, o advogado José Luis de Oliveira Lima, conhecido como Juca, que representa o general Braga Netto, disse a jornalistas que seu cliente chamou Mauro Cid de “mentiroso” e rebateu a versão apresentada pelo tenente-coronel.

A defesa do ex-ajudante de ordens afirmou que pretende solicitar ao STF as imagens das câmeras de segurança e a lista de entrada e saída do Palácio da Alvorada para comprovar os relatos de Cid sobre a entrega e recebimento do dinheiro, pois a transação teria ocorrido dentro da residência oficial do presidente da República.

Durante a acareação, Mauro Cid reforçou que, após receber a “caixa de vinho”, deixou-a embaixo da sua mesa na sala da ajudância de ordens. Depois, relatou que entregou o montante ao major Rafael de Oliveira, um dos kids pretos denunciados no caso da trama golpista.

Aos jornalista, Juca disse: “O general Braga Netto chamou de mentiroso em duas oportunidades o senhor Mauro Cid, que permaneceu durante todo o ato com a cabeça baixa. Ele (Cid) não retrucou quando teve a oportunidade de falar (…) Mauro Cid se contradisse mais ainda. Estava constrangido, de cabeça baixa”.

Outro ponto de discordância é uma reunião ocorrida na casa de Braga Netto em novembro de 2022. O tenente-coronel afirmou que os presentes no encontro demonstraram insatisfação com o resultado das eleições de 2022, e com a condução do tema pelas Forças Armadas, mas precisou sair antes do fim. Já o general disse que foi apenas uma “visita de cortesia” e que Cid ficou o tempo inteiro.

A acareação durou quase duas horas, e encerrou pouco depois do meio-dia. A audiência foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, que é relator do caso, e contou com a participação do ministro Luiz Fux.