Uma ação ambiciosa contra a mudança climática poderia contribuir com 26 trilhões de dólares adicionais à economia mundial até 2030, anunciou nesta quarta-feira um grupo de especialistas internacionais.

Os benefícios da adoção de uma economia pouco poluente foram “extremamente” subestimados, segundo a Comissão Global sobre Economia e Clima, um “think tank” que reúne ex-chefes de Governo, empresários e economistas renomados.

“Uma ação ousada poderia representar um ganho econômico direto de 26 trilhões de dólares até 2030 em comparação com a situação atual. E isto é provavelmente uma estimativa conservadora”, afirma o relatório anual da Comissão.

Uma ação dinâmica no meio ambiente permitiria ainda gerar “mais de 65 milhões de empregos pouco poluentes” até 2030, assim como evitar mais de 700.000 mortes provocadas pela contaminação do ar, completa o documento.

“Mas os governos não estão tomando ações suficientemente corajosas para escapar do legado dos sistemas econômicos” afirmam os especialistas.

“Estamos em um momento único de ‘pegar ou largar’. Os formuladores de políticas devem tirar o pé do freio e enviar um sinal claro de que o novo crescimento está aqui”, disse o copresidente da Comissão, Ngozi Okonjo-Iweala, ex-ministro das Finança da Nigéria. Este momento durará apenas dois ou três anos, segundo o relatório.

Este crescimento responderia à interação de diversos fatores: a rápida inovação tecnológica, o aumento nos recursos de produtividade e o investimento em infraestrutura sustentável, que deve alcançar US$ 90 trilhões até 2030.

A mudança provocaria um impacto em cinco áreas chave: o desenvolvimento de sistemas de energia limpa, um melhor planejamento urbano, uma agricultura mais sustentável, uma administração mais eficiente da água e uma indústria menos contaminante em dióxido de carbono.

A Comissão também pede aos governos que cobrem um preço pelas emissões de dióxido de carbono (entre 40-80 dólares por tonelada até 2020) e obriguem as grandes empresas a publicar os balanços internos sobre riscos ambientais.

O relatório pede ainda aos bancos e organismos de desenvolvimento que dobrem os investimentos em infraestruturas, com o objetivo de alcançar pelo menos 100 bilhões de dólares por ano em 2020.