A Academia de Letras do Uruguai criticou a punição da Football Association (FA), entidade máxima do futebol inglês, feita ao atacante Cavani, do Manchester United (ING), por racismo. Segundo a associação, em um comunicado, a penalidade é uma “ignorância’ e uma “grave injustiça”, explicando que o termo “negrito”, embora tenha um teor negativo, pode ser utilizado como tratamento afetivo.


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– As referências a qualidades físicas, morais ou pessoais de outras pessoas são usadas em todas as línguas do mundo para a criação de vocativos, ou seja, expressões para tratar os outros. Em alguns contextos, têm um teor negativo, e muitas vezes os mesmos termos podem ser considerados afetuosos ou amigáveis – diz a Academia no comunicado.

– Na variedade do espanhol no Uruguai, por exemplo, entre casais e amigos, entre pais e filhos, você pode ouvir e ler formas como “gordis, gordito, negri, negrito/a”. Na verdade, a pessoa a quem se trata com esses vocativos não precisa ser obesa ou morena para recebê-los – explicou.

– O uso do vocativo “negrito” por Cavani para se dirigir a “pablofer2222”, fã do jogador de futebol, tem esse tipo de teor afetuoso: pelo contexto em que foi escrito, a pessoa a quem foi dirigida e a variedade do espanhol utilizada, o único valor que pode ter o termo “negrito” – e em particular pelo seu diminutivo – é o afetivo – complementou a Academia.

A FA suspendeu por três jogos e aplicou uma multa de 100 mil libras (cerca de R$ 709 mil) a Cavani após uma publicação do jogador no Instagram. Em um story, Cavani foi parabenizado por um amigo e respondeu com “gracias, negrito”. A federação interpretou como um post de cunho racista.

O atacante pediu desculpa pela publicação e os Red Devils, em nota, disseram confiar que “a Comissão Reguladora independente deixará claro em suas razões por escrito que Edinson Cavani não é racista, nem havia qualquer intenção racista em relação ao seu cargo”.


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