Hatsue Said Tanaka, de 28 anos, disse em entrevista ao G1 que ela e o namorado Ícaro José da Silva Pinto, o motorista que atropelou uma motociclista há quase três semanas, estão sendo vítimas de se ameaças de morte e vivem com medo.

Na colisão entre o carro do casal, que estava em alta velocidade, e uma moto, Jonhliane Paiva morreu em Rio Branco, no Acre.

Jonhliane Souza vítima de atropelamento (Arquivo pessoal) (Crédito:Arquivo pessoal)

Na versão apresentada pela estudante de administração, o namorado e ela estavam discutindo no carro após sair de uma festa, na qual eles tinham consumido bebida alcoólica. No trajeto, o carro da dupla bateu na moto da jovem.

“No momento em que aconteceu a tragédia só ouvi o impacto, foi tudo muito rápido. A primeira reação do Ícaro foi continuar dirigindo. A gente não sabia direito o que tinha acontecido. Quando ele parou o carro, saímos, olhei e percebi o que tinha acontecido, ficamos muito sem reação. Aquele foi um momento de muito susto”, relembrou.

Câmeras de segurança flagraram o casal andando de mãos dadas 10 minutos após a batida. Eles abandonaram o veículo em uma rua próxima do acidente. Hatsue alega que estava tentando acalmar o namorado.

“Aquele momento eu estava acalmando ele, estava muito desesperado, sem saber o que tinha acontecido e a preocupação dele é que tivesse feito algo e machucado alguém porque, até então, a gente não sabia do falecimento da jovem. Só falava ‘calma, vamos pensar positivo que não aconteceu nada, se acalma”, frisou.

Estado da BMW do casal após o acidente  (Arquivo pessoal) (Crédito:Arquivo pessoal)

Outra pessoa importante no caso é o amigo do casal, Diego Hosken, de 32 anos, que é suspeito de ajudar Ícaro e Hatseu a fugir do local. Hosken foi detido dirigindo embriagado, mas antes tentou atropelar policiais militares. O homem já foi liberado após pagar fiança.

“No momento em que entramos no carro, falamos para ele levar a gente até lá, mas ele falou ‘gente, aconteceu uma tragédia, vocês bateram, o carro colidiu em uma moto, tinha uma moça. O Samu já chegou lá, o socorro está lá’. No momento eu estava muito atordoada tentando acalmar o Ícaro. Estava desesperado querendo se jogar do carro”, afirma.

Familiares da vítima

Os parentes de Jonhliane dizem que a família jamais foi procurada pelo casal para prestar apoio. Hatsue contesta a versão.

“Soube que os pais dele [Ícaro] entraram em contato várias vezes com pessoas que conheciam parentes da mãe da moça, com a mãe, mas não conseguiram, não queriam fazer contato com a gente”, pontuou.

Possível causa da colisão

A polícia também investiga a hipótese do acidente ter sido causado por um racha entre Ícaro e Alan Lima. Ambos estavam na mesma festa e estão presos pelo crime.

“Essa questão do racha é uma coisa que não consigo colocar na minha cabeça porque estava conversando com o Ícaro, a gente estava discutindo desde a hora da festa. Acredito que a polícia e o Ministério querem criar algo pela questão da velocidade e do ocorrido”, defendeu Hatsue.

O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio da 6ª Promotoria de Justiça Criminal, com atribuições perante a 2ª Vara do Tribunal do Júri de Rio Branco, destacou, na época do acidente, que a investigação constatou que os acusados estavam disputando racha e fugiram do local do crime, sem prestar socorro à vítima.

“Vida normal”

O casal também foi criticado após serem registrados em momentos de lazer. No último dia 13, Ícaro foi flagrado em uma praia de Fortaleza, no Ceará, enquanto a estudante foi filmada em um vídeo fazendo exercícios com uma amiga.

“A mãe dele está lá [Fortaleza] em tratamento. Ícaro precisava muito ver e conversar com a mãe dele. Ela estava muito desesperada e o pai dele pediu para que a gente ficasse perto dela nesse momento. Chegamos a levá-lo em um psicólogo, psiquiatra e começou a tomar remédio devido à perturbação na cabeça”, justificou a estudante.

“Pegaram o vídeo e falaram que eu estava vivendo como se nada tivesse acontecido, e que estava vermelha do sol que peguei em Fortaleza. Gravei um vídeo revoltada. Entendo a revolta da sociedade diante do fato, mas pegar um vídeo e distorcer para querer difamar a pessoa? As pessoas não sabem o que estou vivendo, o que a família do Ícaro, o que ele está vivendo, o que passa pelo coração da gente, como se a gente não fosse ser humano e não tivesse sofrendo”, finalizou.

Ameças de morte

Outro ponto destacado por Hatsue é que ela e o namorado sofreram ameaças de morte. A mulher contou que o casal parece viver um “pesadelo.

“Parece assim que estou vivendo um pesadelo. Apesar de que não está sendo fácil para mim, nem para os pais do Ícaro e principalmente para o Ícaro que está preso agora, penso muito na família da moça, na mãe dela e por mais que a gente esteja vivendo sob ameaça, com medo dessa tragédia que aconteceu, não chega nem perto da tragédia da família dela”, acrescentou.

“A gente lamenta muito porque nada que a gente faça vai reparar e trazer a vida dela de volta. Então, nenhum suporte financeiro, emocional vai chegar perto de compensar a vida dela. Não tem como reverter uma fatalidade dessa”, reafirmou.