O delegado de Polícia Civil de Feijó (AC), Railson Ferreira, prendeu na quarta-feira (29) uma mulher por homofobia durante uma operação que investigava alguns envolvidos com o tráfico de drogas. A moça, que é cunhada de um dos presos, disse que ele “deveria virar homem” e o chamou de “gay safado”. As informações são do G1.

Railson, que é casado há 10 anos com o contador William Barbosa Bezerra, prendeu a mulher em flagrante. Na quinta-feira (30), ela passou por audiência de custódia, onde foi decretada a prisão preventiva.

O delegado informou que a família do investigado recebeu os agentes em sua residência de forma agressiva, enquanto eles cumpriam um mandado de prisão.

“Fomos recebidos pela cunhada do rapaz com palavrões, a família é bem problemática. Já cumprimos outros mandados na casa, sempre nos xingando, mas a gente relevava”, disse o delegado.

Railson ressaltou que deu voz de prisão para a mulher por desacato. Nesse momento, ela voltou a ofender os agentes. “Falei que ela estava presa, mas não algemei, não gosto de algemar mulher. Elas continuaram a falar palavrões, a gente gravou tudo. Quando foi para ir embora, falei que a irmã do suspeito estava presa, pedi para trocar de roupa. Desisti de levar a cunhada dele para que ela ficasse com as crianças. A ideia era só levar a mulher dele, ouvir por desacato e liberar.”

“Um dos policiais falou que ela estava xingando todo mundo, que ela queria o celular dela. Na hora que o policial perguntou o nome dela, ela xingou ele de novo, chamou palavrão. Eu saí e fui ouvir a irmã dela, elas queriam os celulares de volta, ameaçaram ir na promotoria. Liberei elas e sai para tomar banho porque estava na operação, mas a Antônia me acompanhou xingando, gravei tudo”, acrescentou.

Nesse momento, ela proferiu frases homofóbicas. “Falei para trancarem a porta e deixar elas fora. Ela falou: ‘tu deveria virar homem, seu gay safado’. Como a injúria racial é inafiançável, assim como o racismo, não arbitrei fiança, mandei para audiência de custódia e a Justiça a deixou presa.”

Railson ressaltou que é delegado da Polícia Civil há um ano e sete meses e nunca sofreu homofobia antes.

“Sempre me impus como gay porque fui criado em uma família muito respeitosa. Sou casado há dez anos com o William, é um relacionamento muito maduro. Ele é uma pessoa incrível. Nunca tinha passado por isso, sempre me impus, sempre respeitei e me dei ao respeito. Emocionalmente não me abala, mas não poderia deixar passar por tudo aquilo que acredito. Sou muito crítico em relação ao preconceito, por mais que eu nunca tivesse passado por isso como outros passaram, sei o quanto dói”, finalizou.