03/09/2019 - 15:36
São Paulo, 3 – As mudanças nos hábitos de consumo e nos canais de distribuição desafiam a indústria moageira nacional, na análise do presidente do Conselheiro Deliberativo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), João Carlos Veríssimo. “As mudanças na cadeia logística e na ponta do consumo vêm afetando expressivamente a rentabilidade do setor moageiro. As margens de lucro caem progressivamente, em especial, porque há um descompasso entre a alta da matéria-prima e o repasse possível ao produto final”, afirmou Veríssimo, durante coletiva de imprensa, realizada na manhã desta terça-feira na sede da entidade, em São Paulo.
Segundo o executivo, neste ano o preço da farinha não registrou incremento, enquanto o custo do trigo ao moinho teve alta de 8%. “Se observarmos os balanços das empresas do setor, vemos que a receita avançou 10%, enquanto o preço do trigo subiu 17%”, calculou Veríssimo. De acordo com informações repassadas por moinhos a entidade, em 2018, o lucro bruto das indústrias passou de 26% no ano passado para 22% neste ano.
Outro ponto que dificulta o crescimento da indústria moageira brasileira é a estagnação do consumo de farinha, massas e biscoitos. “Para o consumo avançar, é preciso crescimento econômico e de renda no País. Enquanto o País não crescer a indústria continuará estagnada”, disse Veríssimo. Segundo o executivo, o que dificulta o avanço do consumo é o comprometimento de renda do consumidor. “Se não houver renda disponível não há crescimento na ponta mais qualificada de consumo, os produtos de maior valor agregado, por isso, o crescimento do setor acompanha a taxa de crescimento populacional”, argumenta o representante da indústria.
A Abitrigo estima um crescimento de 1,5% na demanda interna pela farinha e derivados na comparação entre 2019 e 2018, considerando uma alta de 0,89% a 1% no Produto Interno Bruto do Brasil. No início deste ano, moinhos esperavam um crescimento de 5% no consumo dos produtos, em pesquisa realizada pela Abitrigo, levando em conta um incremento de 1,5% a 2% no PIB do País.