São Paulo, 12 – A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) manteve a sua previsão de produção de soja no Brasil na safra 2020/21 em 132,6 milhões de toneladas. A associação também deixou estáveis as projeções de exportação e processamento em 2021, em 83 milhões de toneladas e 46,3 milhões de toneladas, respectivamente.

Segundo o economista-chefe da Abiove, Daniel Furlan Amaral, a expectativa é de uma safra “recorde” de soja. “Estamos enxergando 2020 com bastante tranquilidade do ponto de vista do abastecimento. Nada disso que apareceu em relação ao atraso (no plantio da soja e agora na colheita) vai prejudicar o ano, nem a industrialização nem exportações”, disse, em entrevista ao Broadcast Agro.

Conforme o representante, o line up já mostra exportação aquecida em fevereiro, e o abastecimento de farelo e óleo continuou “com tranquilidade”, uma vez que a indústria tinha estoque até receber a nova safra. “A soja que já está sendo colhida está garantindo uma produção bastante alta tanto de farelo quanto de óleo. O leilão do B12 (biodiesel) ocorreu no ano passado, e as entregas estão sendo feitas ao longo de janeiro e fevereiro muito tranquilamente, e o leilão do B13 terminou agora, com pleno abastecimento para as misturas regular e autorizativa e para a parte de estoques também.”

O principal ajuste feito pela Abiove foi na estimativa para a safra de 2019/20, que subiu de 128 milhões para 128,5 milhões de toneladas. A associação reduziu, além disso, os dados de 2020 de exportação, de 83 milhões para 82,973 milhões de toneladas, e importação, de 1 milhão para 822 mil toneladas, acompanhando os números da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia. Houve ajuste também na estimativa de uso para sementes e outros, que subiu de 3,8 milhões para 3,84 milhões de toneladas, mas o número de esmagamento em 2020 foi mantido em 45,5 milhões de toneladas.

Com os ajustes em 2020, a estimativa de estoque final aumentou de 19 mil para 328 mil toneladas, com o mesmo ajuste no estoque inicial de 2021. Já a previsão de estoque final em 2021 subiu de 219 mil para 528 mil toneladas, acompanhando a elevação no estoque inicial, já que as demais previsões ficaram estáveis.

“Superamos todas as dificuldades de 2020, tanto do ponto de vista do abastecimento interno quanto do ponto de vista das exportações”, disse Amaral. “Os volumes de importação que o Brasil teve tanto de soja quanto de óleo foram relativamente baixos, complementares ao que o País produz. O Brasil tem uma produção suficiente para atender às suas necessidades.”

Para 2021, a associação prevê importação de 800 mil toneladas, nível muito próximo das 822 mil toneladas de 2020. Questionado se isso significava um segundo semestre parecido com o do ano passado, Amaral disse que há semelhanças e diferenças em relação a 2020. “Estamos vendo um ano muito positivo em termos dos usos que se vai fazer da soja. O Brasil vai continuar exportando muito e industrializar bastante. A produção, apesar de recorde e superior a 2020, vai ter uma utilização bastante alta”, disse.

Por outro lado, o horizonte é mais estável e previsível do que em 2020. “No ano passado a gente teve um horizonte muito diferente. Havia uma expectativa de funcionamento da economia, e a pandemia veio e alterou uma série de coisas. Para este ano, todo mundo trabalha com a expectativa de que os protocolos sanitários serão seguidos, de que caminhoneiros continuarão trabalhando e escoando a produção e de que ferrovias, hidrovias, portos seguirão operando.” Segundo ele, as importações previstas para 2021 “serão complementares, pequenas em relação ao complexo soja, e dentro de um quadro de estabilidade do ponto de vista do planejamento das empresas”.

Ainda conforme Amaral, os atrasos observados até agora na colheita de soja não representam uma preocupação com gargalos no escoamento. “Trabalhamos com um quadro de normalização de abastecimento tanto para a indústria como para exportações. Não estamos vendo nada que soe como um alerta”, disse o representante. “Olhamos as estatísticas de empresas que fazem o acompanhamento e dos próprios associados, e ninguém informa nenhum tipo de dificuldade. Entre aquilo que foi carregado e o que se está esperando carregar, temos 6,6 milhões a 6,7 milhões de toneladas de soja para exportação de fevereiro. São números bastante expressivos, que mostram que o mercado está se abastecendo, a colheita está vindo.”