Conversas obtidas pela Polícia Federal (PF) mostram que integrantes da chamada “Abin paralela” sugeriram atirar na cabeça do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Na troca de mensagens, Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército, diz que que o magistrado “está merecendo algo a mais” [sic]. Marcelo Araújo, Policial Federal, responde: “Só [fuzil] 7.62”, e o primeiro completa: “Head shot” (tiro na cabeça, em português).

Os dois envolvidos foram presos nesta quinta-feira, 11, em operação da Polícia Federal que investiga o monitoramento ilegal de autoridades e a produção de notícias falsas por meio da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Além deles, foram alvo de mandados Mateus de Carvalho Sposito, Richards Dyer Pozzer e Rogério Beraldo de Almeida.

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Abin Paralela: investigados sugeriram 'tiro na cabeça' de Alexandre de Moraes

Segundo a corporação, a “Abin Paralela” foi criada durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e tinha como objetivo espionar ilegalmente autoridades e personalidades públicas consideradas desafetos da então administração. Os membros da operação de espionagem trabalharam diretamente para Alexandre Ramagem, ex-diretor geral da Abin e atual deputado federal, que é pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo partido PL.

Em uma outra conversa, os dois falaram sobre a possibilidade de destituir o magistrado do cargo de ministro do STF. “Com esse careca filho da pu**, só tiro mesmo. Impeachment dele não sai”, declarou um deles.

A Polícia Federal destacou que “os investigados Giancarlo e Bormevet, por oportuno, foram intimados para prestarem esclarecimentos sobre os fatos colacionados. O primeiro encaminhou atestado médico de saúde para justificar o não comparecimento, o segundo se reservou ao direito sagrado ao silêncio sob a justificativa de não ter tido acesso às diligências de análise em andamento”.