Executivos de duas das grandes associações de classe representativas do setor industrial se uniram na manhã desta sexta-feira, 25, para pedir alguma flexibilidade na política econômica capitaneada pelo ministro Paulo Guedes para que o governo volte a investir em projetos de infraestrutura. Os discursos afinados foram feitos pelo presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e indústrias e Base (Abdib), Venilton Tadini, e pelo diretor executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Gomes de Almeida.

Os dois participaram do “Brasil 2020”, seminário organizado pela Câmara Americana de Comércio (Acham), que trata do crescimento econômico em 2020.

Para Tadini, virou moda no Brasil demonizar os instrumentos de investimentos públicos por causa de erros de gestão de um governo. “Quando falo de gastos públicos, não estou falando em liberalidade e devassidão”, disse. De acordo com o presidente da Abdib, os governantes brasileiros precisam deixar o discurso fácil de o setor privado resolve tudo.

“Há espaço para o setor privado investir, mas ele não cura mal olhado e nem traz a mulher amada de volta. O Estado tem que atuar na economia como regulador, fiscalizador, mas também como indutor”, disse Tadini, para quem o Brasil, com sua política econômica contracionista, caminha na contramão de um mundo expansionista.

Ele citou como exemplo a Alemanha, que elevou sua meta de participação da indústria no PIB de 30% para 33% justamente em resposta a recessão econômica.

“Essa conversa de que em outros países não há política industrial não é verdade”, disse reiterando que só no Brasil se convencionou demonizar as políticas industriais e os investimentos públicos. “É só ver o que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump fez com a China”, disse o presidente da Abdib.

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Almeida, do Iedi, afirmou que a reforma tributária é fundamental para dar um “gás” à economia, mas que se ele fosse o governo, entraria também com um programa econômico mais flexível. “Seria importante nós termos um recurso do investimento público”, disse, acrescentando que o investimento público não é, na maioria das vezes, antagônico ao investimento privado, sobretudo se é feito na infraestrutura.


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