Desde que tomou posse, o presidente Jair Bolsonaro tem um companheiro inseparável, o Twitter. Como fez durante as eleições, ele usa a mídia social com grande assiduidade. Diariamente, são publicados pelo menos cinco a seis tuítes do presidente. Ele já trocou mesuras com o presidente americano Donald Trump e com o argentino Mauricio Macri, criticou desafetos, defendeu suas políticas e tratou de fortalecer sua própria versão dos fatos. Pelo jeito, a estratégia de Bolsonaro será utilizar o Twitter para criar um canal alternativo aos fatos apresentados pela imprensa e para checar a temperatura da opinião pública. Pela rede ele passa a sua visão das notícias, estatísticas próprias e promove suas ideias e iniciativas.

O primeiro tuíte de Bolsonaro no ano foi uma Bandeira do Brasil acompanhada de um Feliz 2019. Deu também uma gargalhada, kkkkkkkk, seguido de um “vamos pra Rampa!” e de um “Selva!”, a saudação usada por soldados do Exército. Nestes 17 dias de tuítes, Bolsonaro não deixou, por exemplo, de se estranhar com o adversário Fernando Haddad e atacar o PT. No dia 5, o presidente se incomodou com o fato do ex-prefeito de São Paulo ter escrito que está na moda um anti-intelectualismo no Brasil. Aproveitou também para ofender Haddad. “A verdade é que o marmita, como todo petista, fica inventando motivos para a derrota vergonhosa que sofreram nas eleições”, completou. Também comemorou a prisão de Cesare Battisti. “Finalmente a Justiça será feita ao assassino italiano e companheiro de ideais de um dos governos mais corruptos que já existiram no mundo (PT)”.

Segurança pública

O principal assunto, disparado, do Twitter de Bolsonaro foi a segurança pública, o que incluiu a discussão da liberação da posse de armas e o envio da Força Nacional para o Ceará. Falou dos atentados que acontecem no estado desde o início do ano e pediu mais garantias para os agentes de segurança pública agirem em prol do “cidadão de bem”. Também demonstrou que já sente as primeiras cobranças de desempenho. “Para a infelicidade dos que torcem contra, medidas eficientes para segurança pública ainda serão tomadas e propostas. Os problemas são profundos, principalmente pelo abandono dos governos anteriores. Mal dá para resolver tudo em 4 anos, quem dirá em 15 dias de governo”. “O uso das mídias sociais foi um dos fatores mais relevantes para a eleição de Bolsonaro”, afirma o cientista político Leandro Consentino, do Insper. “E acho que ele vai continuar investindo nisso porque é uma maneira de tentar buscar um diálogo direto com seus apoiadores e eleitores, sem o filtro da mídia tradicional, sem precisar passar pela imprensa”. Para Consentino, o presidente brasileiro usa uma estratégia bastante parecida com a de Trump. “O Bolsonaro tenta mimetizar o que faz Trump”, diz Consentino.

“Não há qualquer limite de alguns setores da mídia para inventarem mentiras 24h por dia”  Jair Bolsonaro, presidente

O Twitter, de fato, tem servido para o presidente se estranhar com a imprensa. Cravou, por exemplo, que “não há qualquer limite de alguns setores da mídia para inventarem mentiras 24h por dia sem a menor preocupação com a informação”. Dia 11, cheio de ironia, pediu “desculpas à (sic) grande parte da imprensa por não estar indicando inimigos para postos em meu governo”. Sobre a notícia da nomeação do capitão da Marinha Victor Nagen para a gerência executiva de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras, o presidente comentou que “apesar de brilhante currículo, alguns setores da imprensa dizem que é apenas ‘amigo de Bolsonaro’”. Mas não é?

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