NOVOS TEMPOS Higienização constante e medidas de distanciamento são adotadas (Crédito:Riccardo Fani)

Uma das imagens mais impactantes do início da pandemia foi a do cruzeiro Diamond Princess, atracado no Japão com milhares de ocupantes em quarentena em suas cabines. Dos quase quatro mil a bordo, 700 se contaminaram e 14 pessoas morreram, após uma única pessoa ter testado positivo. A triste história, que parece saída de um filme de terror merece um contexto, claro. Ela aconteceu no começo de fevereiro de 2020 — quando ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo. Passados quase dois anos da tragédia, a realidade agora é outra. Temos vacinas, testes, protocolos, remédios em desenvolvimento e a aventura em alto mar – que já acontece em muitos lugares do globo — começará no Brasil a partir de novembro.

MALAS PRONTAS Maria Hernandes já tem passagens compradas em dois cruzeiros: melhor alternativa de viagem (Crédito:Marco Ankosqui)

A temporada de cruzeiros foi aprovada pelos Ministérios da Saúde, Justiça, Infraestrutura, Turismo, Casa Civil e pela Embratur. Os riscos de algo sair do controle são pequenos, já que diversas mudanças foram feitas. Testagem de todos os passageiros na entrada e também triagem rigorosa de testes durante a viagem, distanciamento, redução da ocupação e, principalmente, ar fresco sem a recirculação em aparelhos de refrigeração — motivo que levou o vírus a se espalhar no Diamond Princess. Além disso, as cabines médicas, que sempre existiram, agora passam a trazer equipamentos extras. Todo esse cuidado acontece porque a volta dos cruzeiros gera um impacto imenso no mercado brasileiro: R$ 2,5 bilhões são injetados na economia, R$ 330 milhões em impostos e a ainda há a geração de aproximadamente 35 mil empregos diretos e indiretos. Essas previsões foram feitas pela Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia), braço nacional da Cruise Lines International Association, maior entidade do setor.

LARGADA O MSC Preziosa partirá do Porto de Santos no dia 5 de novembro: primeiro navio de temporada (Crédito:P. Pina)

Os protocolos da Anvisa, apesar de não exigirem passaporte de vacinação dos passageiros — por enquanto — são bastante rigorosos em relação à tripulação. Os funcionários deverão ter duas doses da vacina, fazer três testes antes do embarque e ainda fazer quarentena. Além de movimentar a economia, é fundamental que os passageiros se sintam seguros em voltar. A empresária Maria Lucia Hernandes, de 58 anos, já tem duas passagens compradas. Uma nacional, saindo do porto de Santos, e outra internacional, saindo de Miami, nos EUA. Ela, que fez o primeiro cruzeiro nas Bahamas aos 18 anos, diz que se apaixonou já na primeira vez. “São 40 anos fazendo cruzeiros, é indescritível”, explica ela, sem saber ao certo o número de viagens que já realizou. Apesar dos navios serem os grandes protagonistas, com suas boates, piscinas e shows, para ela o que importa é o roteiro. “Para ir ao Havaí, a melhor maneira é de cruzeiro, você não precisa pegar avião, não tem fila, check-in. O hotel é que vai com você”, diz.

Quem me navega é o mar

Além dos protocolos de segurança, a temporada 2021/2022 trará grandes cruzeiros que no momento estão fazendo roteiros pela Europa — onde não há incidentes graves relacionados à Covid. No momento estão confirmados cinco navios por aqui: MSC Seaside, MSC Preziosa, MSC Splendida, Costa Fascinosa e Costa Esmeralda. Os gigantescos navios da Royal Caribbean, por exemplo, não conseguem acessar a costa brasileira, que ainda não possui estrutura para recebê-los. “Um dos destaques da temporada será o MSC Seaside, que navegará pela primeira vez em águas nacionais. Ele fará roteiros de seis, sete e oito noites, partindo de Santos e visitando de forma alternada Ilha Grande, Ilhabela, Ilhéus, Salvador e Maceió”, diz o diretor geral da MSC Cruzeiros no Brasil, Adrian Ursilli. Para ele, o Seaside, que possui parques aquáticos e tirolesas que correm o navio, será a estrela da temporada. A MSC e a Costa Cruzeiros são as maiores operadoras dos destinos nacionais e da América Latina. Chile e Argentina ainda não autorizaram o desembarque de passageiros vindos do Brasil, mas acredita-se que, com a abertura dos Estados Unidos ao País, outras nações farão o mesmo. Mais um motivo para fazer um cruzeiro? Para atrair o público, os preços são atrativos e podem ser o toque de liberdade — e normalidade — que faltava após a imunização.