08/10/2021 - 9:30
Uma das imagens mais impactantes do início da pandemia foi a do cruzeiro Diamond Princess, atracado no Japão com milhares de ocupantes em quarentena em suas cabines. Dos quase quatro mil a bordo, 700 se contaminaram e 14 pessoas morreram, após uma única pessoa ter testado positivo. A triste história, que parece saída de um filme de terror merece um contexto, claro. Ela aconteceu no começo de fevereiro de 2020 — quando ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo. Passados quase dois anos da tragédia, a realidade agora é outra. Temos vacinas, testes, protocolos, remédios em desenvolvimento e a aventura em alto mar – que já acontece em muitos lugares do globo — começará no Brasil a partir de novembro.
A temporada de cruzeiros foi aprovada pelos Ministérios da Saúde, Justiça, Infraestrutura, Turismo, Casa Civil e pela Embratur. Os riscos de algo sair do controle são pequenos, já que diversas mudanças foram feitas. Testagem de todos os passageiros na entrada e também triagem rigorosa de testes durante a viagem, distanciamento, redução da ocupação e, principalmente, ar fresco sem a recirculação em aparelhos de refrigeração — motivo que levou o vírus a se espalhar no Diamond Princess. Além disso, as cabines médicas, que sempre existiram, agora passam a trazer equipamentos extras. Todo esse cuidado acontece porque a volta dos cruzeiros gera um impacto imenso no mercado brasileiro: R$ 2,5 bilhões são injetados na economia, R$ 330 milhões em impostos e a ainda há a geração de aproximadamente 35 mil empregos diretos e indiretos. Essas previsões foram feitas pela Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia), braço nacional da Cruise Lines International Association, maior entidade do setor.
Os protocolos da Anvisa, apesar de não exigirem passaporte de vacinação dos passageiros — por enquanto — são bastante rigorosos em relação à tripulação. Os funcionários deverão ter duas doses da vacina, fazer três testes antes do embarque e ainda fazer quarentena. Além de movimentar a economia, é fundamental que os passageiros se sintam seguros em voltar. A empresária Maria Lucia Hernandes, de 58 anos, já tem duas passagens compradas. Uma nacional, saindo do porto de Santos, e outra internacional, saindo de Miami, nos EUA. Ela, que fez o primeiro cruzeiro nas Bahamas aos 18 anos, diz que se apaixonou já na primeira vez. “São 40 anos fazendo cruzeiros, é indescritível”, explica ela, sem saber ao certo o número de viagens que já realizou. Apesar dos navios serem os grandes protagonistas, com suas boates, piscinas e shows, para ela o que importa é o roteiro. “Para ir ao Havaí, a melhor maneira é de cruzeiro, você não precisa pegar avião, não tem fila, check-in. O hotel é que vai com você”, diz.
Quem me navega é o mar
Além dos protocolos de segurança, a temporada 2021/2022 trará grandes cruzeiros que no momento estão fazendo roteiros pela Europa — onde não há incidentes graves relacionados à Covid. No momento estão confirmados cinco navios por aqui: MSC Seaside, MSC Preziosa, MSC Splendida, Costa Fascinosa e Costa Esmeralda. Os gigantescos navios da Royal Caribbean, por exemplo, não conseguem acessar a costa brasileira, que ainda não possui estrutura para recebê-los. “Um dos destaques da temporada será o MSC Seaside, que navegará pela primeira vez em águas nacionais. Ele fará roteiros de seis, sete e oito noites, partindo de Santos e visitando de forma alternada Ilha Grande, Ilhabela, Ilhéus, Salvador e Maceió”, diz o diretor geral da MSC Cruzeiros no Brasil, Adrian Ursilli. Para ele, o Seaside, que possui parques aquáticos e tirolesas que correm o navio, será a estrela da temporada. A MSC e a Costa Cruzeiros são as maiores operadoras dos destinos nacionais e da América Latina. Chile e Argentina ainda não autorizaram o desembarque de passageiros vindos do Brasil, mas acredita-se que, com a abertura dos Estados Unidos ao País, outras nações farão o mesmo. Mais um motivo para fazer um cruzeiro? Para atrair o público, os preços são atrativos e podem ser o toque de liberdade — e normalidade — que faltava após a imunização.