Tudo começou com o retorno das calças boca de sino – agora chamadas de “Flare”. Daí vieram as estampas psicodélicas, os tamancos e os ternos com caimento mais folgado. A última coleção da grife italiana Gucci, uma das mais copiadas e desejadas do mundo, usa até filtros fotográficos para remeter à época de Woodstock. “O período de maior libertação que vivi aconteceu quando eu era criança, na década de 1970”, afirma o estilista Alessandro Michele, diretor criativo da Gucci. “Continuo a recorrer a esses anos dourados porque, para mim, pessoalmente, simbolizam as reais sementes da mudança.” O fenômeno pode ser visto em outras marcas francesas consideradas mais conservadoras: a Louis Vuitton encheu suas bolsas de corações e a Dior adotou o crochê e os lenços na cabeça.

A volta ao estilo “paz e amor” também está nos vestidos floridos com recortes simples, bolsas de camurça ou de palha e fitas. Até a temática da época parece ter renascido – basta lembrar das letras anti-sistema de Bob Dylan ou da afirmação cultural negra dos penteados “Black Power”. A canção “Dreams” (“Sonhos”), hino geracional da banda setentista Fleetwood Mac, acaba de voltar às paradas mundiais. A razão é menos nobre do que se imagina: ela foi usada em muitos vídeos do aplicativo chinês TikTok, febre dos adolescentes globais. O hippie pode ter voltado a ser chique, mas sonhar não tem época, nem idade.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias