A volta do monarca do samba

Marcos Hermes
O sambista Monarco, de 85 anos, o último sambista vivo entre os fundadores da Velha Guarda da Portela: elegância e disciplina Foto: Marcos Hermes

A volta do monarca do samba

Samba não se aprende na escola”, diz o compositor carioca Monarco, de 85 anos, ecoando Noel Rosa. Mas se aprende na escola de samba. Com Monarco pelo menos foi assim. Aprendeu os segredos do gênero aos 18 anos, em 1950, quando ingressou como caçula da Velha Guarda da Mangueira. “Hoje sou o mais antigo”, diz. Paulo da Portela, fundador da escola, havia morrido no ano anterior. “Eu sou discípulo de Paulo, pois recebi os ensinamentos de seus parceiros, como Manaceia e Alvaiade.” Para ele, o samba devia ser elegante e disciplinado. “Ele se opunha ao estilo do Estácio, que destratava a mulher e falava em vingança”, diz Monarco. “A exemplo da Portela, meu samba enaltece a mulher, elogia as flores e as estrelas. É puro e surge do fundo da alma.” Esta é a melhor definição das composições de Monarco. No álbum “De Todos os Tempos” (Biscoito Fino), 16º desde 1970, ele canta 12 faixas, oito delas com sambas inéditos e outras com seus clássicos, todas de melodias sublimes e versos que rasgam o coração. “Faço agarrado letra e música”, diz. “São mais de 200 sambas. Alguns de sucesso.” Quase todos inspirados.