As lições de casa não eram feitas e acabavam escondidas. Foram muitas reuniões com a direção da escola e os boletins sempre traziam notas abaixo da média. Depois de um ano enfrentando essas situações, a advogada Paula Rossi, de 42 anos, não ficou surpresa quando soube que o filho de 12 foi reprovado. Para evitar os mesmos problemas, ela aproveitou as férias para ajudá-lo a refletir e se organizar para recomeçar o 7.º ano.

Para pedagogos e escolas, o período antes do início das aulas é crucial para que as famílias consigam identificar as dificuldades e oferecer apoio para os filhos nessa segunda oportunidade. “No primeiro momento, eu tentei mostrar para ele que não era o fim do mundo ter sido reprovado. Ele se preocupava com os amigos e com o que os familiares diriam, então o ajudei a ver que não precisava ter vergonha. Mas, agora, estamos em um processo de nos organizar e fazê-lo entender que ele tem responsabilidades e deve assumi-las”, disse Paula.

O menino começou a ter dificuldades na escola no 6.º ano do ensino fundamental – o primeiro ano em que os estudantes passam a ter um professor para cada uma das disciplinas. Ele foi aprovado, mas o conteúdo que não aprendeu fez falta no ano seguinte. “Por mais que se esforçasse, ele não conseguia acompanhar e ficava desmotivado. Claro que também faltou maturidade dele para lidar com a situação”, disse a mãe.

As pedagogas Taís e Roberta Bento, responsáveis pelo projeto Socorro, meu filho não estuda, disseram que os pais devem enxergar a reprovação como uma oportunidade de rever o que foi feito de errado e de amadurecimento para a criança. “A reprovação nunca acontece porque o aluno foi mal em uma disciplina, mas por uma série de hábitos errados de estudo, por falta de responsabilidade do aluno. A retenção dificilmente acontece porque ele não conseguiu aprender o conteúdo, mas pela postura do estudante com os estudos”, disseram.

Para Nevinka Tomasich, diretora do colégio Jardim Anália Franco, na zona leste de São Paulo, muitos pais ainda têm dificuldade de enxergar a reprovação como uma oportunidade. “Especialmente os que pagam escola particular, porque acham que têm o direito de cobrar a escola a rever a sua decisão”, afirmou.

Segundo Nevinka, o colégio sempre tenta recuperar o aluno com reforços e outras chances de avaliação. A reprovação é vista como a última opção. “A escola e a família são parceiras, então a reprovação é sempre difícil para os dois lados.”

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Oportunidade. Nevinka disse que o colégio faz uma análise das falhas e dificuldades do aluno e a entrega aos pais no início do ano. “A informação de quem reprovou é sigilosa para que ele se sinta confortável na nova turma.”

Para Tais, os pais também devem ajudar o estudante a recuperar a autoestima e não dar novas punições e castigos pela reprovação. “É importante que ele se sinta capaz e motivado para estudar. Ele deve entender que tem responsabilidade pelo resultado negativo, mas é preciso que seja incentivado a mudar de comportamento.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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