Maturidade é sempre um tema em debate. Um adulto com mais de 30 anos morando na casa dos pais é quase um tabu. Mas há uma mudança de comportamento e os casos estão cada vez mais corriqueiros. O ciclo habitual é que os filhos fiquem em casa enquanto não formam uma nova família ou não se sustentem economicamente. Mas há muitos filhos que discordam. O psicólogo Yuri Busin diz que existem vários motivos para a permanência na casa dos pais. “A formação das famílias e a entrada no mercado de trabalho acontecem cada vez mais tarde”, explica o psicólogo. “E também há adultos com a Síndrome de Peter Pan, que não querem crescer, não gostam de responsabilidades e não lidam bem com as frustrações”.

“Em casa eu não tenho obrigações. Meu pai provê tudo e com o meu salário compro o que eu quiser” Thomás Côrtes, servidor público e bailarino (Crédito:Divulgação)

“A cobrança feita às pessoas que ainda moram com os pais depois dos 30 é gigantesca”, relata a relações públicas Ana Paula Prado, 50 anos. Ela mora com a mãe de 83 anos – o pai faleceu há sete anos – e se incomoda com o preconceito que sofre. Diz que sempre morou com os pais e foi assumindo novas responsabilidades dentro da família, especialmente as financeiras, num movimento natural. “Eu me sustento desde os 22 anos, mas sempre gostei do ambiente que tenho em casa. Sair para que?”, questiona. Ana diz que já terminou um relacionamento por morar com os pais. “Um namorado dizia que era uma situação muito infantil”, lembra. Para ela, o problema é quando a pessoa mora com os pais e fica dependente economicamente, não trabalha e nem estuda.

Há uma comodidade evidente no cotidiano do servidor público e bailarino Thomás Côrtes. Aos 30 anos ele mora com o pai de 53 e um irmão de 31. A mãe se separou do pai quando ele tinha 15 anos. “Ficamos eu e meus irmãos com nosso pai. Em casa a gente não tem obrigações. Ele provê tudo, inclusive a empregada doméstica”, diz. O bailarino acha que não seria bom emocionalmente sair de casa e diz que o problema não é financeiro. “Tenho um bom salário, mas tive uma criação muito próxima e tenho dificuldade em sair”, afirma. Para o psicólogo Francesco Pellegatta, o medo é o principal sentimento da relação entre pais e filhos adultos. “Alguns pais ficam felizes por proteger os filhos. E os filhos temem enfrentar a vida. Existe um acordo”, diz. Já o psicólogo Yuri Busin não classifica esses filhos que vivem na casa dos pais como imaturos, embora alerte que a experiência de morar sozinho é importante como aprendizado e lição de vida. Cada vez mais adultos jovens, porém, estão dispensando essa experiência.