ENTIDADE A soberana egípcia inspirou de estátuas a filmes em Hollywood: rainha egípcia de fama milenar (Crédito:Divulgação)

Morta há mais de dois mil anos, Cleópatra ainda é um dos maiores mistérios da arqueologia. Até hoje, por exemplo, não se sabe onde está a tumba da lendária soberana do Oriente Médio, importante governante do Egito antigo, cuja fama atravessou milênios. Uma recente escavação perto do templo de Taposiris Magna chamou a atenção de especialistas por conta dos objetos encontrados: moedas com gravuras do rosto de Cleópatra e tumbas de famílias nobres da sociedade egípcia. Para os arqueólogos Kathleen Martinez e Glenn Godenho, os indícios reforçam a tese de que o corpo da rainha pode estar ali. “É algo que não vimos em nenhum outro lugar do Egito. Como as tumbas estavam cobertas de ouro, imaginamos que tratava-se de membros importantes da sociedade. A pergunta é: como eles se relacionaram com a própria Cleópatra?”, questiona Godenho, professor de egiptologia na Universidade de Liverpool.

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As moedas no templo comprovam que as múmias são do tempo de Cleópatra. É o maior achado em anos de expedições

O templo de Taposiris enche os olhos de arqueólogos porque reúne múmias que viveram na mesma época em que Cleópatra. Conservadas, estavam rodeadas por luxos comuns aos nobres egípcios. Para José Roberto Pelline, coordenador do projeto arqueológico brasileiro no Egito, tudo que envolve a rainha egípcia causa alarde na mídia, porém, o recente achado de Martinez é, de fato “a maior vítória” em muitos anos de expedições. “A nova descoberta pode indicar que aquelas pessoas enterradas no templo viveram na era de Cleópatra. Isso pode reforçar o investimento em missões arqueológicas”, afirma o especialista.

EGYPTIAN SUPREME COUNCIL OF ANTI / AFP

Considerada a última governante do Egito livre da dominação romana, a fama de Cleópatra sempre inspirou pintores e poetas, mas ganhou ainda mais notoriedade no século 20, graças a uma superprodução de Hollywood. Um filme dirigido por Joseph L. Mankiewicz em 1963 trazia a soberana interpretada pela atriz Elizabeth Taylor, uma das maiores musas do cinema. O papel inspirou no imaginário popular a imagem de uma rainha bela e poderosa. De acordo com o professor José Roberto, Cleópatra era versada em diversas línguas e de linha nobre. Foi a última mulher a sentar no trono egípcio e esse é um dos motivos que levaram sua fama a perdurar ao longo dos séculos. “Era uma mulher que sabia liderar o povo em um tempo comandado por tiranos”, afirma.

Valor histórico

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Cleópatra governou o Egito entre 51 A.C. e 30 A.C. Nobre de nascimento, sempre foi acostumada ao ambiente político e preparada para governar. Sua educação incluía conhecimentos em geometria e aritmética. Seu romance com Marco Antônio, que se tornou cônsul-geral de Roma após a morte de César, terminou em tragédia. Casado com Cleópatra e pai de dois filhos com a rainha, Marco Antônio perdeu o apoio do povo romano e a disputa de poder com Otávio, na chamada Batalha do Ácio, fugindo então para Alexandria. Ao ouvir boatos sobre a morte da esposa, cometeu suicídio com sua própria espada. Cleópatra, no entanto, ainda não estava morta: se matou apenas quando foi capturada por Otávio, mais tarde, também na região de Alexandria. Segundo a lenda, ela deixou-se picar por uma serpente venenosa.

Como o templo de Taposiris Magna fica há cerca de 30 km de Alexandria, a hipótese dos arqueólogos faz sentido, visto que a soberana pode ter se escondido em cidades vizinhas e passado o restante de sua vida por lá — o que explica as moedas com seu rosto nas imediações do templo. Aos poucos, um dos maiores segredos da arqueologia começa a ser desvendado.


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