O eloquente recado das urnas não foi suficiente para que os velhos caciques partidários caíssem em si. No final da tarde de quarta-feira 7, o Senado aprovou em uma pauta relâmpago o reajuste de 16,38% nos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Com isso, o teto do funcionalismo público sobe de R$ 33.763 para R$ 39.293,32. O texto ainda terá de passar pela sanção presidencial. Os senadores, liderados pelo presidente Eunício Oliveira (MDB-CE), aprovaram o reajuste no apagar das luzes, a despeito do pedido do presidente eleito, Jair Bolsonaro. A maior preocupação do novo governo é em relação ao equilíbrio fiscal, tendo em vista que as contas públicas do País sofrem grave crise financeira, principalmente nos Estados. Além de deixar uma bomba para o próximo governo, o que está por trás da decisão é uma tentativa de políticos enrolados na Justiça, já de olho na perda do foro privilegiado, tentarem fazer um afago nos integrantes do Judiciário.

Efeito cascata

O impacto estimado do reajuste é de R$2,77 milhões para o Supremo e R$ 717,1 milhões para o Poder Judiciário. O mais grave, no entanto, é o efeito cascata que a decisão provoca no funcionalismo público, já que a remuneração dos ministros do STF funciona como um teto salarial. De acordo com estudos técnicos do Senado e do Congresso, o custo para a União e os Estados é de R$4 a R$6 bilhões ao ano.

INTERNACIONAL
Julgamento tem de segurança milionária a pedido de autógrafo

REUTERS/Eduardo Munoz

Um esquema de segurança milionário foi montado para o julgamento do mexicano El Chapo, que começou na segunda-feira 5, em Nova York, e deve levar quatro meses. Esse é um dos julgamentos mais emblemáticos da história dos EUA, com um custo estimado em US$ 50 milhões. Além do traslado do próprio acusado, é preciso proteger a identidade do júri e das centenas de testemunhas que serão ouvidas ao longo do processo. Participarão ex-sócios, funcionários e rivais do narcotraficante, muitos sob o programa de proteção à testemunha, uma vez que correm risco de vida. Para a composição do júri foi necessário fazer uma pré-seleção com 800 pessoas, sendo que o último corte ocorreu nos dois primeiros dias do julgamento. Um dos potenciais jurados foi descartado na terça-feira 6 por estar muito “apaixonado” por El Chapo. Após ser interrogado, ele perguntou a um segurança se seria possível conseguir um autógrafo seu.

El Chapo é acusado de 11 crimes de tráfico e distribuição de armas, lavagem de dinheiro e posse de armas. A promotoria afirma que ele enviou aos EUA pelo menos 155 toneladas de cocaína durante 25 anos e faturou US$ 14 bilhões. A acusação é composta por 300 mil páginas de documentos e 117 mil gravações.

HISTÓRIA
Ele esquartejou o herói nacional

Divulgação

O machado que em 1792 esquartejou Tiradentes, líder da Inconfidência Mineira e maior símbolo de heroísmo nacional, pode ser visto pelo público desde segunda-feira 5 na Casa França Brasil, no Rio de Janeiro. Ele faz parte de 500 peças raras feitas entre os séculos XVI a XIX e que estão expostas na mostra “Cartografia da Africanidade Fluminense”.

DIPLOMACIA
Cerco fechado para Battisti

Nelson Antoine/Folhapress

O cerco começa a se fechar para o italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua em seu país e que mora desde 2004 no Brasil. Na segunda-feira 5 o presidente eleito Jair Bolsonaro se encontrou com o embaixador italiano no Brasil, Antonio Bernardini, para discutir sua extradição. No mesmo dia foi inserido no sistema eletrônico do Supremo Tribunal Federal um pedido de urgência no andamento do caso, feito pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Battisti é acusado de participar de quatro assassinatos pela organização Proletários Armados pelo Comunismo e sua permanência no Brasil foi autorizada pelo ex-presidente Lula. Extraditá-loé uma promessa de campanha de Bolsonaro.

SOCIEDADE
Mariana completa três anos e moradores ainda esperam por justiça

Tânia Rêgo/Agência Brasil

O rompimento da barragem da Samarco completou três anos na segunda-feira 5. O maior desastre ambiental do País matou 19 pessoas e atingiu pelo menos 500 mil nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Parte da população atingida hoje mora em casas alugadas pela Samarco e ainda tenta se adaptar à mudança forçada. Muitas regiões ainda estão em ruínas e não há perspectiva de que toda a lama seja retirada. Os atingidos aguardam na Justiça o indiciamento de 21 pessoas por homicídio apontadas por investigações, sem previsão de conclusão. Além disso, a ação civil de R$ 155 bilhões está suspensa até agosto de 2020.