SÃO PAULO, 02 FEV (ANSA) – Faltando pouco mais de um mês para as eleições legislativas na Itália, um tema tem dominado a campanha de praticamente todos os partidos: o bolso do cidadão.
De cortes de impostos a novos benefícios do governo, candidatos da esquerda à direita vêm encadeando uma série de propostas para convencer a população de um país com mais de 11% de desempregados que haverá mais dinheiro para gastar depois de 4 de março.
A última ideia veio do Partido Democrático (PD), liderado pelo ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, que pretende conceder uma dedução de 240 euros (R$ 960 pela cotação atual) no imposto de renda (Irpef) para famílias com filhos de até 18 anos e de 80 euros (R$ 320) para núcleos com filhos de até 26 anos.
Além disso, o PD propõe 400 euros por mês (R$ 1,6 mil) por cada criança até ela completar três anos de idade, uma espécie de versão “turbinada” do chamado “bônus bebê”, que já está em vigor e desembolsa 80 euros mensais para cada recém-nascido ou recém-adotado no país. Somadas, as duas propostas, segundo o partido, custarão 10 bilhões de euros.
Poucas horas depois da divulgação dessa ideia, o ex-premier Silvio Berlusconi, do conservador Força Itália (FI), reagiu e apresentou um novo projeto: zerar por seis anos os impostos sobre empresas que contratarem jovens por tempo indeterminado. O mesmo Berlusconi vem baseando sua campanha em uma iniciativa que mudaria o sistema tributário italiano.
O ex-primeiro-ministro e a coalizão de direita querem introduzir a chamada “flat tax”, uma taxa única ainda indefinida – o FI fala em 23% – que substituiria todas as alíquotas do imposto de renda, que hoje vão de 23% a 43%. Nesse caso, todos pagariam exatamente o mesmo valor percentual.
Na Europa, apenas Rússia, Ucrânia e algumas nações bálticas e balcânicas utilizam esse sistema. Parceiro de Berlusconi na aliança da direita, Matteo Salvini, secretário da Liga Norte, defende a abolição da “Lei Fornero”, a reforma da previdência italiana, e a redução da idade das aposentadorias.
A cifra paga aos que se retiraram do mercado de trabalho é outro cavalo de batalha de Berlusconi, que já propôs aposentadorias mínimas de 1 mil euros. Por sua vez, o Movimento 5 Estrelas (M5S) tem como pilar de seu programa a “renda de cidadania”.
O projeto prevê o pagamento de valores variáveis para que pessoas que ganham menos de 780 euros por mês saiam da linha da pobreza. Ou seja, se um cidadão estiver desempregado, ele receberá 780 euros do governo; se tiver um salário de 700 euros, o poder público desembolsará 80.
Voltando ao campo da esquerda, Renzi quer introduzir o salário mínimo no país, estabelecendo a cifra em 9 a 10 euros por hora, enquanto o presidente do Senado, Pietro Grasso, líder da aliança Livres e Iguais (LeU) e dissidente do PD, prega a abolição das taxas universitárias para todos os estudantes de instituições públicas. (ANSA)