O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-rival Benny Gantz, realizam nesta terça-feira (14) uma última corrida de negociações para formar antes de quarta-feira à noite um governo de união e dar fim à maior crise política de Israel, em plena pandemia de coronavírus.
Após 16 meses de governo de transição, com reviravoltas surpreendentes, Netanyahu e Gantz se reuniram na noite de segunda-feira pouco antes do final do mandato de Gantz para tentar formar um governo estável.
À meia-noite, o mandato expirou sem dar luz a um novo Executivo.
Durante a noite, os dois lados relataram “avanços significativos” em suas negociações para formar um governo “de união nacional e de emergência” para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, que infectou mais de 11.000 pessoas em Israel, das quais 117 morreram.
Na manhã desta terça-feira, Netanyahu e Gantz trabalham com seus respectivos negociadores para anunciar a tão esperada formação de governo, no último dia da Pessach (a Páscoa judaica).
– Renúncia –
Benny Gantz obteve o mandato para formar o próximo governo após as eleições legislativas de 2 de março, a terceira em menos de um ano e que, em teoria, abriria finalmente um caminho para a solução da crise política.
E, para tentar o desbloqueio, Gantz renunciou, pelo menos a curto prazo, ao seu plano de ser primeiro-ministro e anunciou a intenção de formar um governo liderado por Benjamin Netanyahu.
“Netanyahu, chegamos à hora da verdade. Os israelenses esperam que deixemos de lado nossas diferenças e trabalhemos juntos por eles (…). A história não nos perdoará se não formos bem-sucedidos”, declarou Benny Gantz na noite de segunda-feira em um discurso televisionado.
– Tensões –
Na imprensa, uma pergunta se impõe: Benjamin Netanyahu realmente quer compartilhar o poder com a equipe de Benny Gantz?
Netanyahu pode provocar quartas eleições, enquanto dirige o país com seu capricho e se beneficia das pesquisas de opinião altamente favoráveis, que aprovam sua gestão da pandemia.
A pesquisa mais recente na segunda-feira deu ao partido Likud de Netanyahu 40 cadeiras e um total de 64 deputados com seus aliados da direita radical e partidos ultraortodoxos, bem acima do limiar da maioria (61 cadeiras de 120 do Knesset), o que nenhum líder conseguiu nas últimas três eleições.
Com seu partido agora dividido, a equipe de Gantz não teria mais de 19 assentos, segundo esta pesquisa.