O princípio de qualquer veículo de comunicação é buscar a verdade. Por isso, Jair Bolsonaro ataca, constantemente, a imprensa – afinal, ele foi eleito disparando fake news e prosseguiu com o hábito mesmo depois de assumir a República. No entanto, há uma única mídia que o presidente aplaude e defende: a TV Brasil. O canal público, ligado ao Ministério das Comunicações, tornou-se o seu parque de diversões. Por lá, as famosas lives de disseminação de notícias falsas são transmitidas. Somente neste ano, 79 horas da programação foram destinadas a eventos de Bolsonaro. Em 2020, o canal dedicou a ele 115 horas. Em tais transmissões há falsas acusações de fraude no sistema eleitoral, slogan de campanha para as eleições de 2022 e, claro, a defesa do voto impresso.

Por essas e outras, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está investigando Bolsonaro por ter usado a estatal para iniciar sua campanha eleitoral – o que é proibido. Ou seja, a Corte vai avaliar o uso político de um veículo público que tem como principal objetivo informar a população. “A República impõe decência, integridade e compostura nos atos e comportamentos dos agentes públicos”, disse a ministra Cármen Lúcia, relatora do caso.

Quando ainda era candidato à Presidência, Bolsonaro dizia que, se ganhasse o cargo acabaria com a TV Brasil. Ele, no entanto, a manteve, mas para uso pessoal e de seus aliados. O ministro da Cidadania, João Roma, por exemplo, foi ao canal defender a substituição do Bolsa Família pelo Auxílio Brasil. Bolsonaro transformou o canal, inclusive, em palanque político, utilizando uma camiseta com a estampa “É melhor JAIR se acostumado – Bolsonaro 2022”. O Ministério Público Eleitoral tomou providências e pediu que o presidente fosse multado – ele tentou se justificar dizendo que ganhou a camiseta de presente. A situação criada na TV Brasil, porém, se tornou insustentável.