A tristeza em Prudentópolis (PR), a cidade mais ucraniana do Brasil

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No ano passado, o Brasil celebrou os 130 anos do início da imigração ucraniana para o Brasil. Festas com danças típicas, comidas à base de batatas, repolho e beterraba animaram cidades em todo o país. Com maior concentração no estado do Paraná, como na cidade de Prudentópolis, onde 90% dos habitantes são descendentes de ucranianos, o clima agora não é mais de celebração, mas sim de tristeza com a invasão e bombardeio da Ucrânia pela Rússia.

Na manhã de quinta-feira, 24, horas após o início da invasão russa, o padre Ricardo Ternovski, de União da Vitória (PR), realizou uma missa em ucraniano pedindo a paz. Transmitida pelo Facebook, atraiu diversos fiéis que pediam para que “Deus abençoe a nossa Ucrânia”. Para os moradores dessas cidades paranaenses, onde a língua ucraniana é utilizada no cotidiano de seus moradores, assistir Vladimir Putin dizer pela TV que a Ucrânia “não existe” e que seria apenas parte da grande Rússia é bastante perturbador. Imagens da infância, o primeiro idioma aprendido em casa, o delicado bordado dos vestidos de noiva e as receitas que passam de geração a geração teriam sido parte de uma mentira? Delírio coletivo?

Apagar o passado é uma atividade que muitos ditadores já tentaram fazer ao longo dos anos: Roma com Cartago ou até mesmo Hitler com o povo judeu. Felizmente, nenhum deles teve sucesso nessa empreitada insansa. A voz do bom senso da história e da implacável sabedoria da justiça falou mais alto. Enquanto o mundo pede respeito à Ucrânia, que nada fez para ser violentamente invadida pelas tropas do amalucado Putin, apenas recebeu o fardo de ser vizinha de uma nação com delírios de grandeza, Putin segue sua atitude ditatorial de tentar restaurar o bloco soviético, que já acabou há muitos anos, mas que só existe em sua cabeça.

Bastante presente nas redes sociais, Fabiana Tronenko, esposa do ex-embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko, mostra um pouco da realidade em Kiev. Nascida no Paraná, Fabiana resume a situação com amplo conhecimento nos dois países: “Lamentável que a história esteja se repetindo. Hoje é a Ucrânia, amanhã é o resto da Europa!”