A gora que temos um novo presidente eleito, e que não é conhecido o paradeiro do presidente em exercício, podemos discutir a transição de poder.

Não a do Lula. Essa é um mistério amplamente analisado e você pode se informar pelas fontes que preferir.

Vamos falar aqui de uma transição muito mais polêmica e traumática: a de Elon Musk, no Twitter.

Um breve resumo.

Elon Musk se tornou bilionário, nem todos sabem disso, ao vender sua primeira criação, o site de transações financeiras PayPal.

A partir daí, com um saldo infinito em sua conta bancária, partiu para iniciativas muito mais ambiciosas, como revolucionar os veículos elétricos com a Tesla ou o sonho de colonizar marte, com a SpaceX.

Em suas frequentes aparições públicas antes de adquirir o Twitter, Musk parecia ser um sujeito esquisito. Um cientista louco de histórias em quadrinho. Mas inofensivo.

Por exemplo, certa vez foi questionado sobre sua teoria de que vivemos todos, ele, você e eu, numa simulação.

Segundo o bilionário, existe uma enorme possibilidade de sermos apenas personagens de uma simulação, num computador centenas de anos no futuro.

— Imagine que há trinta anos, jogávamos Tetris no computador. E hoje jogamos simulações de guerra, em primeira pessoa, extremamente realistas. Ora, imagine o que vão ser os jogos de daqui a quinhentos anos! Com inteligência artificial e recursos que nem imaginamos ainda. Então é possível supormos que, se não destruirmos o planeta nos próximos séculos, hoje somos apenas uma simulação, criada num futuro distante. – disse ele, numa livre tradução resumida.

A teoria, por mais absurda que possa parecer, não deixa de ser instigante.

Tanto que o próprio Neil de Grasse Tyson mordeu a isca e fez um vídeo concordando e conjecturando sobre essa ideia. Verdade que mais tarde, o astrofísico publicou um novo vídeo, desistindo da teoria, mas esse é um bom exemplo de como Musk sempre conseguiu capturar o imaginário e a atenção da mídia.

Então veio a compra do Twitter.

Musk fez a oferta e depois de criado o buzz, voltou atrás, gerando ainda mais discussão sobre o assunto. Talento nato do Sul Africano.

Depois de um imbróglio jurídico, Elon Musk finalmente comprou a rede social por US$ 41 bilhões.

Aí endoidou de vez.

Twitando insanidades, o novo CEO assumiu uma persona desconhecida até então.

Dos mais de sete mil funcionários, demitiu cerca de quatro mil, para em seguida recontratar parte deles.

Com promessas de que criaria um novo Twitter, inventou um novo método de verificação das contas, vendendo o selo. Voltou atrás. Demitiu mais gente. Fez ameaças. Cometeu gafes. Demitiu, por Twitter, funcionários que o desafiavam. E por aí foi.

Um comportamento nunca antes visto por alguém com um cargo como o seu, muito menos por ele em suas outras empresas.

No último final de semana, deu um ultimato, por email, a seus colaboradores:

Quem quisesse continuar empregado, com uma carga horária indefinida, deveria preencher um formulário. O resto, adeus.

Finito. Rua.

Foi o caos. Gente graúda da empresa se demitindo, ações despencando e até uma projeção na sede da empresa, com adjetivos pouco elogiosos ao CEO.

A pergunta é: por que? Por que o megaempresário parece tomar uma atitude suicida diante de uma empresa comprada por uma fortuna?

Teorias não faltam.

Uns dizem que Elon Musk quer destruir a plataforma, ficar com o nome – e a base de usuários que restar – para lançar um novo produto.

Outros garantem que as linhas pequenas do contrato garantem a Musk uma multa milionária caso o Twitter quebre poucos meses após a aquisição.

E há quem diga até que é só isso: trata-se de um doido varrido.

Não faço ideia de qual a razão pelas atitudes do bilionário.

Só digo que existe uma enorme semelhança entre a PEC do Musk e a PEC do Lula.

Enquanto ambos têm o poder nas mãos nós, réles mortais, não fazemos ideia de como será 2023.

Lá no Twitter e cá no Brasil.