Empreendedor desde cedo, vendeu “gelinho” para fazer renda, ingressou no curso de Odontologia sem ter dinheiro para pagar a faculdade e se tornou dono de umas das franquias odontológicas mais bem-sucedidas do país.

O empreendedorismo nato mostra seus sinais desde cedo na vida de quem tem essa vocação correndo pelas entranhas. Esse é o caso do empresário Nadim Farid Nicolau Neto, nascido na cidade de Guaraci, interior de São Paulo. Ainda pequeno, já tinha ideias e atitudes para fazer dinheiro: aos 13 anos, foi vender “gelinho” no campo de futebol da cidade para fazer renda.

Em 2000, Nadim conquistou uma das vagas do curso de Odontologia, porém ele sabia que seus pais não tinham recursos para pagar. Ousado, ele já tinha uma conta no banco e deu dois cheques para fazer a matrícula, sabendo que não teria como cobri-los. “Foi a única saída que eu encontrei para garantir que eu não perdesse a oportunidade de estudar”, conta.

Para se manter durante o curso, Nadim organizava festas para os alunos da universidade. As mensalidades atrasadas foram quitadas pela herança do avô. A primeira parada de Nadim após ter se formado, em 2004, foi a cidade de Angra dos Reis (RJ), a convite de um amigo para trabalhar com ele em uma clínica popular. Ali, aprendeu tudo sobre o negócio e, com R$ 16 mil, tempos depois, abriu um consultório em Itajaí (SC) seguindo a mesma linha. “Não havia muitas clínicas odontológicas com esse per l na cidade”, relembra. O negócio cresceu tanto que, em oito anos, chegou a ter 70 unidades, porém sofria pela falta de padrão – funcionava em sociedade com dentistas locais. “Nossa única exigência era que o consultório fosse localizado no centro da
cidade e cobrasse barato pelos serviços”.

PÚBLICO PREMIUM

Um MBA feito em 2014 trouxe uma nova visão para Nadim. Inquieto, com vontade de fazer algo diferente, começou a fechar e vender algumas clínicas da antiga rede, e iniciou um novo negócio do zero, com um novo posicionamento, novo segmento e sob o sistema de franquias. Após oito meses estudando novas possibilidades, nasceu a Oral Unic, em 2016, também na cidade de Itajaí, voltada para atender clientes das classes C e B com a mais moderna tecnologia do mercado e serviços de qualidade. “Tentamos descobrir como poderíamos ser diferentes daquilo que já existia”, afirma.

Escalada
Por conta de seu crescimento acelerado, a empresa foi selecionada para o programa ScaleUp da Endeavor. Foram 12 empresas selecionadas entre 150 inscritas, e a partir de agora, irá receber mentoria para escalar o negócio rapidamente.

Oferecer a diferenciação para os pacientes requer um forte investimento por parte dos franqueados Oral Unic: cerca de R$ 1 milhão – sendo R$ 200 mil somente
para a compra de equipamentos de ponta, como um raio-x panorâmico, que só é encontrado em laboratórios – além de um espaço de cerca de 400 m² que deve contar com salas de pré e pós-operatório, e um centro cirúrgico completo, com desfibrilador e monitor cardíaco. Mas tudo isso também retorna em faturamento para o bolso. Com um leque de serviços amplo – de limpeza a lentes de contato dentais – o carro-chefe, hoje, são os implantes dentários, que respondem por 70% do faturamento das unidades. As clínicas da marca hoje têm o maior tíquete médio das franquias do setor odontológico – R$ 6 mil – e o maior faturamento médio por unidade – R$ 400 mil.

A rede obteve sucesso no mercado graças ao seu modelo de atuação diferenciado. No  nal do primeiro ano de atividade, a Oral Unic contava com três unidades em operação. Em 2017, deu início à expansão do modelo de franquias e encerrou o ano com 11 unidades e faturamento de R$ 21 milhões. Já em 2019, saltou para 57 unidades e receita de R$ 203 milhões. Atualmente, tem 75 unidades em funcionamento em 13 Estados brasileiros e mais 60 unidades vendidas para implantar. A estimativa é fechar 2020 com um faturamento de R$ 360 milhões e 100 unidades em operação.

Expansão
Para marcar presença em cidades de até 80 mil habitantes, a rede lançou o projeto Oral Unic Smart, com clínicas de 200 m² que trazem o mesmo conceito premium.