A trágica morte de crianças por balas perdidas se repete

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Aconteceu de novo. Heloisa Gabrielle, de seis anos, foi morta com um tiro enquanto brincava na casa de sua avó na comunidade de Salinas, em Porto de Galinhas, no Grande Recife. Tudo aconteceu durante uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope), na quarta-feira, 30. Os socorristas que levaram Heloísa, às pressas, para o Pronto Atendimento da região, disseram que a menina foi atingida no peito e não resistiu aos ferimentos. Da mesma forma do que ocorre em outras inúmeras situações semelhantes no País, no caso da pequena Heloísa, que era filha única, os policiais deram a mesma desculpa esfarrapada de sempre: “marginais atiraram contra a polícia e fomos obrigados a revidar”. E uma das balas acertou a menina. Os moradores, contudo, afirmaram que não houve tiroteio.

Há nessa história dois pontos principais a serem tratados. Em primeiro lugar, acredita-se que os policiais sejam profissionais treinados para executar esse tipo de ação para evitar a morte de inocentes. Afinal, as operações do Bope deveriam ser cirúrgicas para a precisão dos procedimentos tem que ser cirúrgicas, para atingir apenas supostos bandidos, que, geralmente, podem estar armados. E o Bope não levou em consideração que o local deveria contar com inúmeras crianças?

O segundo ponto. Qual seria o interesse da população da comunidade pobre de Porto de Galinhas em afirmar que os policiais mentiram quando afirmaram que não houve tiroteio? E por que a polícia sempre sempre apresenta a mesma versão? O fato é que o drama se repete. O Brasil se tornou um pesadelo para a população mais pobre, onde a morte infantil é considerada como algo corriqueiro e não se discute o problema como uma tragédia. Afinal, se as mortes de crianças por balas perdidas fossem levadas à sério, talvez algo já tivesse mudado no País. Mas, não. Hoje, esse tipo de caso virou uma simples estatística e Heloísa é apenas mais um número nessa tragédia.