“A aventura de Fernão de Magalhães confirma o dado científico” Paulo Cotias, historiador (Crédito:Divulgação)

A expedição marítima que, pela primeira vez, comprovou o formato esférico da Terra iniciou-se em 20 de setembro de 1519 e durou três anos. Nesse período se deu a inédita volta ao mundo. Sob a liderança do capitão português Fernão Magalhães, 250 homens saíram a bordo da nau Trinidad, do porto de Sanlúcar de Barrameda, no sul da Espanha, em direção ao Atlântico Sul e depois ao Pacífico, passando pelo Estreito de Magalhães, batizado depois do feito. Há exatos 500 anos, a embarcação alcançava as ilhas da Indonésia. A perigosa viagem foi determinante para a evolução humana, mas apenas dezoito marujos retornaram para a Europa. Conta-se que os sobreviventes que pisaram na Península Ibérica em 1522 estavam em condições deploráveis: corpos esqueléticos, feridas mal cuidadas e manchas pelo corpo, além de cabelos e barbas mais longos que de costume. Segundo relato de Antonio Pigaffeta, um dos tripulantes que suportou a difícil aventura, os marinheiros passaram fome por quase quatro meses, saíram do jejum comendo uma mistura de poeira com minhocas e beberam água amarelada que estava podre.

PIONEIRO Fernão Magalhães navegou pelos sete mares: a façanha provou que não há borda do mundo (Crédito:Divulgação)

Apesar de os portugueses dominarem a exploração marítima a leste pelo Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente africano, os navegadores não tinham noção exata das distâncias e não conheciam o Oceano Pacífico e suas tormentas incalculáveis. Magalhães tinha a crença que era possível atravessar pelo Sul, mas por desconhecimento acabaram navegando por mais tempo que o necessário. “Foi o que deteriorou a nau e os deixou sem ter o que comer”, afirma o historiador Paulo Cotias. Além disso, tiveram que enfrentar problemas climáticos, pois chegaram à região no inverno. Magalhães e seus homens estavam em busca das ilhas Molucas, também conhecida como “Ilha das Especiarias”, na Indonésia. Ele queria por as mãos nas riquezas da região, mas o local não foi encontrado. A caravela acabou mudando de rota e chegou às Filipinas, onde o capitão foi morto. O nome de Magalhães se tornou inspiração para exploradores dos mares e do espaço por anos e sua dramática circum-navegação mudou a história da humanidade e proporcionou uma evolução do pensamento científico, pois se demonstrou que o mundo era maior e mais diverso do que se pensava. A façanha de Magalhães é uma lição para os negacionistas de hoje.