Por Carlos José Marques

Até as pedras do Planalto sabem quem arquitetou, estimulou e coordenou a famigerada tentativa de golpe de Estado do 8 de Janeiro buscando ferir de morte a tenra democracia brasileira. A desfaçatez com que o capitão da mentira Jair Messias avança serelepe em narrativas que não se sustentam em pé não assombra. Mas mostra o grau de bestialidade e demência em que ele e seus asseclas seguidores parecem estar metidos. A última façanha dessa fragata de insensatos é a de vender o argumento de um autogolpe no qual o demiurgo de Garanhuns Lula teria se metido, conspirando contra ele mesmo, porque, digamos assim, não queria o cargo que conquistou e resolveu promover uma baderna em Brasília para apear a sí próprio do poder. Faz sentido? Não mesmo. Para lunáticos adoradores, porém, é a saída com uma explicação possível e ideal que livraria os colegas baderneiros da cadeia e, principalmente, a seu “mito” Messias por tamanha afronta inconstitucional. São de uma ingenuidade pedestre as alegações. O impulso e motivo maior para essa nova e entusiasmada narrativa estaria na eventual participação do general Gonçalves Dias, que até bem pouco tempo ocupava a chefia do GSI. Por elementar que seja, Lula obviamente não sabia dessa possível conivência militar ao aceitar colocá-lo no posto. E tão logo tomou conhecimento do episódio tratou de pronto de chamá-lo ao Planalto e solicitar a sua demissão. No cúmulo do absurdo era só o que faltava imaginar o petista concordando em manter ao lado alguém que porventura teria – ainda no campo da investigação – conspirado contra o seu próprio governo. Mas os bolsonaristas mais afoitos e cegos pela adoração fanática resolveram infestar as redes com suas habituais fake news a respeito. Não será suficiente para livrar o Messias venerado do calvário das acusações rumo às penas. Bolsonaro que por força da imunidade do cargo conseguiu driblar a CPI da Covid, na qual deveria ter sido o principal protagonista pela responsabilidade na morte de milhares de pessoas, não conseguirá escapar da CPI do golpe, agora despojado de suas regalias e garantias protetivas. Sim, de uma maneira ou de outra, na letra da Lei, o capitão irá, mais cedo ou mais tarde, ao cadafalso. Ele não perde por esperar enquanto ainda se refestela em banhos de mar e passeios de jet ski. Há de se imaginar que vale a conhecida escrita “Justiça tarda, mas não falha”. Bolsonaro terá de sentar, incondicionalmente, no banco da Comissão de Inquérito para as devidas justificativas de seus atos. O mentor do golpe, com todos os dedos e impressões suas lambuzados pelo crime não pode ser absolvido, sob risco de desmoralizar de vez os fundamentos institucionais do País. Que a cadeia seja logo o seu destino, merecido e condizente com os atos que praticou. Inegibilidade pelo que fez será muito pouco.