Um último ato duplamente trágico para a dramaturgia brasileira: o País perde, na mesma semana, dois de seus maiores atores. Na quarta-feira 11, Paulo José, 84 anos, foi vítima de pneumonia, após vinte anos lutando contra o Mal de Parkinson. No dia seguinte, foi a vez de Tarcísio Meira, 85, em decorrência da Covid-19. Sua mulher, a atriz Gloria Menezes, também foi internada com a doença, mas apresentou sintomas leves. O casal já havia sido vacinado, mas a situação do ator foi mais grave porque ele sofria de insuficiência renal e enfisema, além de possuir problemas cardíacos.

Tarcísio Meira e Paulo José foram gigantes para o público e colegas queridos entre os seus pares. Ambos brilharam em mais de 60 anos de carreira. Suas trajetórias não se limitavam às telas de TV, onde fizeram sucesso em dezenas de novelas, minisséries e seriados desde os anos 1960. Foram grandes também no teatro e no cinema: Tarcísio atuou em 31 peças de teatro e 22 filmes, dirigido por mestres como Glauber Rocha e Anselmo Duarte. Paulo José, que começou no palco do revolucionário Teatro de Arena, atuou em clássicos como “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade, e “Todas as Mulheres do Mundo”, de Domingos Oliveira.

Na TV, é difícil apontar os destaques entre as atuações dos dois. No caso de Tarcísio, que estreou em 1959 na TV Tupi, impossível não lembrar do personagem João Coragem, na novela “Irmãos Coragem”, de 1970. Foi ali que ele começou a consolidar a fama como o maior galã da TV brasileira. Houve ainda participações inesquecíveis em “Saramandaia” (1976), “Roque Santeiro (1985)”, “O Rei do Gado”, “A Favorita” (2008), e “Velho Chico” (2016), apenas para citar algumas. Seu último papel foi o de Lorde Williamsom em “Orgulho & Paixão”, de 2018.
Paulo José conquistou o público como o querido Shazan de “O Primeiro Amor”, de 1972. A partir daí vieram sucessos em sequência, entre eles “Roda de Fogo” (1986), “Tieta” (1989) e “Por Amor” (1997), além das minisséries “JK” (2004) e “Um Só Coração” (2006). Tarcísio Meira e Paulo José saem de cena, mas os tesouros artísticos que ambos deixam ainda os manterão em cena por muitas gerações.