Já imaginou ser proprietário de uma vinícola ou colher a uva do seu espumante no quintal de casa? Para os amantes do vinho, tais desejos podem virar realidade graças a um novo olhar do mercado imobiliário. Incorporadoras começam a lançar condomínios com vinhedos. Dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho, mostram que em 2021 foram consumidos 410 milhões de litros de vinho no Brasil e a produção vem crescendo em ritmo acelerado. Há também um maior interesse pelo produto e o contato direto com o processo de vinificação virou negócio. É o caso da Terroir Vale dos Vinhedos, em Garibaldi (RS), residencial que oferece a possibilidade de produzir espumantes a partir dos parreirais que ficam ao lado dos terrenos de propriedade da urbanizadora. São 56 lotes com preços entre R$ 800 mil e R$ 1,5 milhão à venda.

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“Comercializamos 60% deles”, celebra Ricardo Siviero, diretor da Lex Empreendimentos Imobiliários, responsável pelo projeto. Com investimento de R$ 17 milhões, o diferencial do complexo é uma cave climatizada, onde cada proprietário poderá ter sua própria adega para até 150 garrafas. O residencial está em obras, com compradores ansiosos para iniciarem a construção de suas casas. “São pessoas querendo morar com qualidade de vida, principalmente depois da Covid-19”, afirma.

Um dos compradores é o advogado Paulo Mortari, 57, de São Paulo, que pretende construir um imóvel para o lazer da família. “Frequento a região do Vale dos Vinhedos e sempre me hospedava em pousadas. A região era carente de condomínios”, conta. O endereço a cinco minutos das melhores vinícolas da Serra Gaúcha o conquistou pelo valor “compatível com o mercado”.

ENOTURISMO Spa do Vinho Condomínio Vitivinícola oferece experiências como o contato direto com o vinhedo (Crédito:Divulgação)
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Ainda no Vale dos Vinhedos, o Spa do Vinho, hotel de luxo instalado entre parreirais, lucra. O que começou com enoturismo se expandiu para o chamado “condomínio vitivinícola”. “Foi uma evolução natural do nosso empreendimento, já que hóspedes queriam ter a oportunidade de ter seu próprio vinho”, explica a sócia-proprietária Deborah Villas-Bôas Dadalt. Atualmente, a empresa oferece três modalidades de negócios. “A primeira é a Confraria Spa do Vinho, com a aquisição de apartamentos ou suítes do hotel”, detalha. No segundo modelo, os clientes podem elaborar seu rótulo com a Vinícola Ales Victoria, parceira da empresa. A terceira alternativa está em fase final de implantação: o Condomínio Quintas D.O. “Por meio da aquisição de lotes, fracionados por período específico de tempo ­­— semanas ou mês —, o proprietário se torna um pequeno vitivinicultor”, informa.

Consumo em alta

410 Milhões de litros de vinhos vendidos em 2021 no Brasil

53% Crescimento nas vendas nacionais no primeiro bimestre de 2022

1,10 Milhão de litros de espumantes comercializados só em janeiro deste ano

CONQUISTA Antônio Alberto, Pedro Paulo e Alessandro José durante colheita no residencial Vivert Reserva da Mata, em Lavras (MG) (Crédito:Divulgação)

Os novos empreendimentos buscam atender as expectativas de clientes que querem se desenvolver na vitivinicultura. Em Lavras (MG), o condomínio Vivert Reserva da Mata tem vinhedo e uma fábrica para a produção dos vinhos. São 156 lotes com preços que vão de R$ 500 mil a R$ 1 milhão. O residencial já vendeu 100 unidades, a infraestrutura foi entregue e já há habitantes. Idealizado pelos empresários Alessandro José Rios de Carvalho, de 52 anos, e Antônio Alberto de Carvalho Junior, 42, o enocondomínio tem opções ainda mais atrativas. “Todos os moradores têm o direito, se quiserem, de comprar uma cota e ser sócio da vinícola”, explica Junior. O valor para tal gira em torno de R$ 100 mil e atrai adeptos como o servidor público Pedro Paulo Marques, 43. Ele adquiriu um lote, ergueu uma casa de veraneio e comprará uma cota da sociedade. A paixão pelo vinho o motiva. No último mês, ele teve a primeira realização como enófilo: participou da colheita de uvas. “Quem gosta viaja para outros países buscando essa experiência. E comigo foi acontecer justamente no quintal de casa”, destaca. A Vivert tem novidades para os interessados. Seus idealizadores criaram as enovilas: 80 chalés para quem não almeja um lote. “Nesse caso, a pessoa compra 1/12 do chalé, o que dá direito a uso por 30 dias ao ano, e recebe a cota da vinícola”, detalha Junior. “A estimativa é de que esse combo fique entre R$ 370 mil e R$ 420 mil”, anuncia. O sonho de morar no meio de um vinhedo se torna uma possibilidade cada vez mais real.

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