05/08/2022 - 9:30
Já imaginou ser proprietário de uma vinícola ou colher a uva do seu espumante no quintal de casa? Para os amantes do vinho, tais desejos podem virar realidade graças a um novo olhar do mercado imobiliário. Incorporadoras começam a lançar condomínios com vinhedos. Dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho, mostram que em 2021 foram consumidos 410 milhões de litros de vinho no Brasil e a produção vem crescendo em ritmo acelerado. Há também um maior interesse pelo produto e o contato direto com o processo de vinificação virou negócio. É o caso da Terroir Vale dos Vinhedos, em Garibaldi (RS), residencial que oferece a possibilidade de produzir espumantes a partir dos parreirais que ficam ao lado dos terrenos de propriedade da urbanizadora. São 56 lotes com preços entre R$ 800 mil e R$ 1,5 milhão à venda.
“Comercializamos 60% deles”, celebra Ricardo Siviero, diretor da Lex Empreendimentos Imobiliários, responsável pelo projeto. Com investimento de R$ 17 milhões, o diferencial do complexo é uma cave climatizada, onde cada proprietário poderá ter sua própria adega para até 150 garrafas. O residencial está em obras, com compradores ansiosos para iniciarem a construção de suas casas. “São pessoas querendo morar com qualidade de vida, principalmente depois da Covid-19”, afirma.
Um dos compradores é o advogado Paulo Mortari, 57, de São Paulo, que pretende construir um imóvel para o lazer da família. “Frequento a região do Vale dos Vinhedos e sempre me hospedava em pousadas. A região era carente de condomínios”, conta. O endereço a cinco minutos das melhores vinícolas da Serra Gaúcha o conquistou pelo valor “compatível com o mercado”.
Ainda no Vale dos Vinhedos, o Spa do Vinho, hotel de luxo instalado entre parreirais, lucra. O que começou com enoturismo se expandiu para o chamado “condomínio vitivinícola”. “Foi uma evolução natural do nosso empreendimento, já que hóspedes queriam ter a oportunidade de ter seu próprio vinho”, explica a sócia-proprietária Deborah Villas-Bôas Dadalt. Atualmente, a empresa oferece três modalidades de negócios. “A primeira é a Confraria Spa do Vinho, com a aquisição de apartamentos ou suítes do hotel”, detalha. No segundo modelo, os clientes podem elaborar seu rótulo com a Vinícola Ales Victoria, parceira da empresa. A terceira alternativa está em fase final de implantação: o Condomínio Quintas D.O. “Por meio da aquisição de lotes, fracionados por período específico de tempo — semanas ou mês —, o proprietário se torna um pequeno vitivinicultor”, informa.
Consumo em alta
410 Milhões de litros de vinhos vendidos em 2021 no Brasil
53% Crescimento nas vendas nacionais no primeiro bimestre de 2022
1,10 Milhão de litros de espumantes comercializados só em janeiro deste ano
Os novos empreendimentos buscam atender as expectativas de clientes que querem se desenvolver na vitivinicultura. Em Lavras (MG), o condomínio Vivert Reserva da Mata tem vinhedo e uma fábrica para a produção dos vinhos. São 156 lotes com preços que vão de R$ 500 mil a R$ 1 milhão. O residencial já vendeu 100 unidades, a infraestrutura foi entregue e já há habitantes. Idealizado pelos empresários Alessandro José Rios de Carvalho, de 52 anos, e Antônio Alberto de Carvalho Junior, 42, o enocondomínio tem opções ainda mais atrativas. “Todos os moradores têm o direito, se quiserem, de comprar uma cota e ser sócio da vinícola”, explica Junior. O valor para tal gira em torno de R$ 100 mil e atrai adeptos como o servidor público Pedro Paulo Marques, 43. Ele adquiriu um lote, ergueu uma casa de veraneio e comprará uma cota da sociedade. A paixão pelo vinho o motiva. No último mês, ele teve a primeira realização como enófilo: participou da colheita de uvas. “Quem gosta viaja para outros países buscando essa experiência. E comigo foi acontecer justamente no quintal de casa”, destaca. A Vivert tem novidades para os interessados. Seus idealizadores criaram as enovilas: 80 chalés para quem não almeja um lote. “Nesse caso, a pessoa compra 1/12 do chalé, o que dá direito a uso por 30 dias ao ano, e recebe a cota da vinícola”, detalha Junior. “A estimativa é de que esse combo fique entre R$ 370 mil e R$ 420 mil”, anuncia. O sonho de morar no meio de um vinhedo se torna uma possibilidade cada vez mais real.